quinta-feira, 19 de abril de 2007

Boa alimentação melhora a memória e o raciocínio

Temos 100 trilhões de células no nosso corpo. Só para imaginarmos a dimensão disto, se você contar de um até um bilhão você demorará mais de 20 anos. Dá para imaginar quanto tempo gastaríamos para contar um trilhão? Outra curiosidade é que renovamos 50 milhões de células por dia. Logo, somos uma pessoa nova a cada dia. Nosso intestino, por exemplo, é diferente a cada três dias. Todo este conjunto de células necessitam de um equilíbrio (homeostase) e esta eficácia depende de como nos alimentamos.
Há os nutrientes grandes: proteínas, gorduras e carboidratos. E nutrientes menores: vitaminas e minerais. Muitas pessoas não sabem mais existem mais de 46 tipos de nutrientes diferentes. Os nutrientes são os verdadeiros combustíveis para sustentação do nosso corpo. Biscoitos e pães não tem nutrientes, por isso a pessoa come e logo depois está com fome, logo estes alimentos são combustíveis inadequados.
O que comemos influencia a nossa inteligência. E neste sentido o cérebro é o órgão mais exigente do nosso corpo. E mantê-lo adequadamente alimentado favorece mecanismos cognitivos. Há diversos estudos sobre a alimentação e inteligência realizados em grandes universidades no Brasil e no mundo:
A) Café da Manhã: Estudos revelam que a primeira refeição é importante para aumentar o desempenho intelectual. Crianças que tomam café da manhã com refrigerantes e alimentos muito açucarados tem desempenho similar ao de pessoas com 70 anos em testes de memória e atenção. Crianças que fazem um desjejum reforçado tiram notas melhores em comparação às que não se alimentam de manhã ou tem a rotina de se alimentar de café com pão. A alimentação mais adequada para um maior rendimento escolar é um café da manhã com cereais com alto teor de proteínas. Alunos entre 9 e 11 anos que comeram cereais, frutas e iogurte no café-da-manhã mostraram maior capacidade de memória espacial, habilidade importante na resolução de problemas de Matemática, Física e Química.
B) Junk food: Alguns estudos demonstram que crianças alimentadas adequadamente tiram notas melhores que seus colegas que se abastecem de “junk food”. Sanduíches, salgados, salgadinhos e refrigerantes, por exemplo, são pobres em nutrientes, especialmente em minerais, que têm papel importante no sistema nervoso central. A falta desses nutrientes prejudica o rendimento cerebral e a qualidade do sono. Por sua vez, ovos ajudam o corpo a produzir o neurotransmissor acetilcolina, usado na memória. Uma escolha apropriada para o almoço é omelete, feita praticamente sem gordura e sem óleo, acompanhada sempre de salada.
C) Alimentos que potencializam o cérebro: Não se trata apenas de diminuir a quantidade de calorias ingeridas, contudo é necessário separar os alimentos que fazem o cérebro ficar mais ativo daqueles que tendem a diminuir sua performance:
1) Peixes e o ômega-3: Os peixes tem uma substância chamada ômega -3 que é um ácido graxo. Os ácidos graxos são como “lubrificantes” do cérebro. Peixes como atum, salmão e truta fazem as células ficarem mais rígidas e aumentam a produção de neurotransmissores responsáveis pela disposição e pelo bom humor. As nozes, rúcula e nos óleos vegetais também se encontra o ômega-3. Há alguns alimentos manufaturados e comercializados hoje, o leite, por exemplo, é acrescido ao ômega-3 durante processo de fabricação (ver embalagem).
2) Frutas, saladas (verdura e legumes crus) e óleos vegetais: o cérebro produz grande quantidade de energia e, dessa forma, gera também muitos radicais livres. Por serem antioxidantes, as vitaminas C e E atuam como neuroprotetores. A vitamina B12 e o ácido fólico melhoram a memória. Todas estas substâncias são encontradas em frutas, saladas e óleos vegetais. As frutas devem ser comidas separadamente de outros alimentos isto porque a frutose não demanda digestão (digestão rápida). Enquanto que proteínas ou carboidratos demandam maior tempo de digestão. Se estes vierem juntos com frutas formam um bolo alimentar único de difícil de digestão.
3) Carboidratos: a glicose é a energia exclusiva do cérebro. Logo, ficar muito tempo abstinente de carboidratos provocará a diminuição da atividade cerebral. Carboidratos complexos, como pão, batata e arroz, são digeridos mais lentamente, fornecendo energia de forma regular. Já o açúcar das guloseimas (doces, tortas, sonhos) é absorvido muito rápido que é armazenado como gordura, sem fornecer energia de forma constante.
4) Café: a cafeína é um potente estimulante do sistema nervoso. Proporciona efeitos estimulantes (positivo), como o aumento da disposição física e cognitiva e diminuição do sono. Em excesso causa danos à memória e ao sono.
5) Proteínas: são formadas por aminoácidos como o triptofano, que atua no sono e no desempenho intelectual. Ex: leite, queijo branco, ovos, carnes magras e nozes.
6) Morango e mirtilo: essas frutas tendem a produzir melhora considerável na atenção, concentração, coordenação motora e memória.
7) Iogurte: Um iogurte é uma boa opção no almoço. O alimento contém o aminoácido tirosina, necessário para a produção dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina, entre outros. Estudos realizados pelas Forças Armadas Americanas revelam que há redução dos estoques de tirosina quando estamos sob tensão e que a suplementação pode melhorar o estado de alerta e a cognição.
Comece hoje mesmo a se alimentar bem para melhorar seu rendimento acadêmico. Isto também não quer dizer que você deverá se abster de coisas saborosas como lanches, refrigerantes e doces, mas que deve ser diminuído a quantidade ingerida e se alimentar em momentos que não irão atrapalhar suas horas de estudos. No começo isto exigirá disciplina, mas depois você se adaptará a este tipo de dieta e a curto e longo prazo terá resultados surpreendentes. É importante lembrar que todo aprendizado envolve tempo e repetição. Outra coisa é que para desenvolver sua memória e raciocínio a alimentação adequada deve estar associada à prática dos estudos.
Copyright © 2007 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
Obs.: Este texto foi escrito para o site do cursinho vestibular Oficina do Estudante de Campinas-SP
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segunda-feira, 2 de abril de 2007

Sobre orientação vocacional / Orientação profissional

Perguntas e respostas sobre orientação profissional / vocacional
Entrevista feita pelo jornalista Marcos Paulino da Gazeta de Limeira que foi publicado neste jornal e no site Virando o Bixo da EPTV Campinas filiada a Rede Globo e no site agitocampinas do dia 30/04/2007.

Psicológo analisa a orientação vocacional

Virando Bixo Marcos Paulino
30/04/2007 16:16 - Participar de uma orientação vocacional pode ser muito importante para o jovem que, no momento de escolher qual carreira seguir, vê-se cheio de dúvidas. A partir do 2º ano do Ensino Médio, o estudante está apto a optar por esse caminho, explica Reginaldo do Carmo Aguiar, psicólogo clínico comportamental no Instituto de Terapia de Contingências de Reforçamento de Campinas e estudioso em Neurociências, em entrevista ao Virando Bixo. Formado na Universidade Federal de Uberlândia, Aguiar coordenou grupo de estudos na área de Terapia Comportamental e Psicofarmacologia naquela instituição. Psicoterapeuta de crianças e adultos, mantém o blog www.psicopoesia.blogspot.com/. A seguir, a entrevista com o psicólogo.Participar de uma orientação vocacional pode ser muito importante para o jovem que no momento de escolher qual carreira seguir, vê se cheio de dúvidas. A partir do segundo ano do ensino médio, o estudante está apto a optar por este caminho, explica Reginaldo do Carmo Aguiar, psicólogo clínico comportamental no Instituto de Terapia por Contingências de Reforçamento


1) Marcos Paulino: Qual o momento certo para se fazer uma orientação vocacional?
Reginaldo do Carmo Aguiar: O mais rápido possível. De preferência a partir do segundo ano do ensino médio (a partir dos 16 anos). Quanto mais cedo encontrar o curso mais adequado, menor será a ansiedade e mais motivado o sujeito ficará e isto aumentará o rendimento no vestibular. Os testes vocacionais são pouco usados hoje em dia. Eles podem ajudar a conhecer suas habilidades e gostos. No entanto, você não é obrigado a definir uma profissão só porque o teste indicou. Os questionários são padronizados, e as pessoas não.
Você pode optar por uma orientação vocacional que acompanhe e avalia as suas expectativas. A orientação vocacional individual ou em grupo deve basear-se em:
A) Autoconhecimento (conhecimento dos próprios valores, interesses, perfil e habilidades). E isto pode envolver os testes vocacionais, mas não essencialmente. Exercícios e atividades de auto-conhecimento sobre o que gosta e o que não gosta, potencial e valores são muito importantes.
B) Conhecimento da realidade profissional (conhecimento do esquema de organização das ocupações e do mundo de trabalho). Algumas atividades como entrevista e palestras com profissionais e com estudantes universitários, visita a universidades, literatura pertinente aos diversos cursos existentes e discussões em grupo ajudam no conhecimento profissional.
C) Tomada de decisão do curso.
Trata-se de um programa composto por jogos, vídeos, questionários, conversas, que leva a pessoa a pensar sobre si mesma, o significado da escolha profissional, entre outros temas. Isto para orientar e não dar um diagnóstico.

2) Marcos: Qual a importância de se fazer um teste vocacional?
Reginaldo: Antigamente, muitos dos primeiros processos seletivos profissionais envolviam, apenas, a aplicação e o uso consistente dos resultados dos testes vocacionais, para “encaixar”, apropriadamente, os indivíduos às ocupações.
Vale saber que o primeiro teste vocacional foi criado por um militar em meados de 1914. Utilizado como base para analisar os talentos dos soldados do exército britânico, um questionário elaborado com perguntas sobre habilidades registrava o perfil dos soldados e, assim, determinava a sua função dentro da corporação militar. De lá para cá, diversas metodologias foram desenvolvidas para orientar jovens e até pessoas que desejam mudar de profissão. Entretanto, atualmente com a evolução das diversas áreas de trabalho, a posição de encontrar um diagnóstico e fornecer conselhos passou a não ser mais suficiente para atender às necessidades de adaptação dos indivíduos, em um mundo de trabalho cada vez mais complexo. Dessa forma outros procedimentos foram sendo implementados e, aos poucos, os testes foram sendo substituídos pelo auxílio ao autoconhecimento, conhecimento da realidade profissional e a tomada de decisão consciente aos orientandos de uma orientação vocacional.

3) Marcos: O que um teste desse tipo avalia?
Reginaldo: Teoricamente os testes utilizados visam medir: as aptidões, interesses, personalidade e inteligência dos sujeitos e determinar a escolha mais convincente em termos de produtividade profissional.

4) Marcos: Quais os testes mais empregados atualmente e como é trabalhado com eles?
Reginaldo: Um dos testes é o de inteligência global, que avalia as habilidades do ser humano, o nível de percepção, a memória e o raciocínio. Outras opções são os testes de avaliação de estrutura e de dinâmica da personalidade. O de estrutura visa analisar o lado pessoal, equilíbrio e desequilíbrio emocionais, mentais e psiquiátricos. Já o de dinâmica, é um teste temático, que verifica as angústias, rivalidades, conflitos de uma pessoa. Depois que os testes são realizados, seguem-se para as entrevistas com o jovem e os pais dele. A conversa é baseada no histórico familiar, cultural, situações do cotidiano, relacionamento social, entre outros assuntos. A partir daí é possível chegar ao perfil da personalidade que revela as características, habilidades, dificuldades do indivíduo em questão.

5) Marcos: O teste vocacional realmente funciona? É possível quantificar isso em números?
Reginaldo: Uma boa orientação vocacional não deve ficar presa a resultados de testes vocacionais. Os testes apenas dão uma referência em um contexto específico e não podem ser usados para rotular os sujeitos e nem como método único de orientação vocacional. As pessoas respondem diferentemente em lugares e em contextos distintos, neste sentido os resultados dos testes vocacionais podem mascarar as pessoas generalizando seus comportamentos. Os testes vocacionais vem de pesquisas científicas e estão em um crescente desenvolvimento e neste sentido podem quantificar, dar uma tendência, mas não podem ser usados como ferramenta única para uma boa escolha profissional.
Gostaria de falar em vantagens e desvantagens do uso de teses vocacionais:

Razões favoráveis ao uso de testes e Razões contrárias ao uso de testes:
1.(vantagem) Agiliza o processo. O orientando pode se valer de menos tempo e de informações mais objetivas e obter um resultado também mais objetivo.
1.(desvantagem) O que agiliza o processo não são os instrumentos, mas a motivação e o engajamento do orientando em seu processo de autodescoberta.
2.(vantagem) Testes não determinam a profissão, delimitam uma área de atuação mais favorável ao indivíduo, dentro da qual ele pode selecionar uma profissão.
2.(desvantagem) Áreas de atuação são muito relativas. As profissões podem se combinar de várias formas dependendo dos critérios classificatórios adotados.
3.(vantagem) Testes criam um clima de neutralidade em relação a análise realizada. O sujeito tem parâmetros mais concretos e menos emocionais para decidir.
3. (desvantagem) Neutralidade é indesejável. O orientando precisa engajar-se no processo de escolha e analisar todos os aspectos possíveis (inclusive os subjetivos) para poder tomar sua decisão.
4. (vantagem) Atende às expectativas. Orientandos esperam responder testes vocacionais e obter respostas norteadoras por parte do orientador.
4. (desvantagem) Orientandos esperam ser orientados. Eles, realmente, preferem um caminho mais fácil, mas respondem bem ao processo que produz autodescoberta e conduz às próprias respostas.
5. (vantagem) Aplicação e devolução dos resultados dos testes facilita ao orientador atender um número maior de orientandos que buscam pelo aconselhamento vocacional.
5. (desvantagem) O orientador deve preocupar-se com a adequação do resultado da orientação ao indivíduo orientado e não com um grande número de sujeitos atendidos, que podem continuar desorientados.

6) Marcos: Qual deve ser o papel dos pais no momento de o filho escolher qual profissão quer seguir?
Reginaldo: Os pais querem na maioria das vezes o melhor para o seus filhos, mas por um desejo de vê-los bem muitas vezes não são empáticos com os filhos. Eles querem que seus filhos façam o que eles acham melhor em detrimento dos desejos e habilidades dos filhos. O papel dos pais devem ser de orientadores, dando informações, ouvindo bastante os anseios dos filhos e respeitando sempre o tempo, as habilidades e o gostos dos filhos. Falar assim parece ser fácil, mas não é. Pais bem sucedidos, por exemplo, tendem a querer influenciar seus filhos a fazerem o que eles fazem. Ou pais frustrados profissionalmente, a influenciar seus filhos a fazerem aquilo que eles na vida não tiveram oportunidade de fazerem. Outros pais focam mais o lado financeiro deixando de lado o prazer da profissão.
Os pais precisam acompanhar e ensinarar seus filhos a ter autonomia. A escolha profissional é um momento bastante oportuno para isto, lembrando que quem vai estudar e trabalhar com aquilo terá que ser responsável pelo custos e benefícios da escolha. E que a vida muitas vezes consiste de escolhas. E que os pais devem também ensiná-los a escolherem e serem responsáveis por estas escolhas.

7) Marcos: Muitos jovens ficam bastante apreensivos por não conseguirem se decidir por qual curso escolher. Que orientação você pode dar a eles?
Reginaldo: Não há uma receita de bolo pronta. A escolha de um curso vai direcionar toda a vida da pessoa. Provavelmente ela fará isso oito horas diárias de segundas a sextas ou mais. E neste sentido uma boa escolha é primordial porque terá grandes conseqüências no futuro. Por isso algumas questões podem ser pensadas entre elas:
a) Quem sou eu (quem fui, quem sou, quem pretendo ser)?
b) Qual meu projeto de vida?
c) Como me vejo, no futuro, desempenhando meu trabalho?
d) Expectativas da família versus expectativas pessoais.
e) Quais são meus principais gostos, interesses e valores?
f) Objetivos da profissão.
g) Atividades específicas: permanentes e ocasionais.
h) Curso de formação: escolas ou universidade, currículos, duração, titulação, exigências etc.
i) Áreas de especialização.
j) Mercado de trabalho: quem emprega, oferta versus demanda de emprego e faixas salariais.

Copyright © 2007 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.

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