segunda-feira, 29 de outubro de 2007

APRENDA A DIZER NÃO

Esta matéria foi escrita pela jornalista Graziela Delalibera a partir de uma entrevista que dei para o jornal Bom Dia de São Jose do Rio Preto, Jundiaí e de Sorocaba. A matéria abaixo é do dia 29/10/2007 publicada nos três jornais.
APRENDA A DIZER NÃO.

Satisfazer os outros para evitar conflitos é atitude que deve ser evitada.
Elizabeth no jardim: ela desmarca compromissos por visita

A professora aposentada Elizabeth Belatti Fendi, 52 anos, está inserida no grupo dos indivíduos com dificuldade para expressar suas vontades, posicionar-se e dizer não. Várias vezes desmarcou compromissos para receber aquela visita de última hora. Também já participou de reuniões e cursos, quando lecionava, em ocasiões em que nenhum dos colegas se dispunha a representar a escola. “Isso era muito comum acontecer. Por um motivo ou outro, ninguém podia ir. Quando me perguntavam, não conseguia negar.”Mesmo depois de trabalhar esse lado da personalidade nas sessões de terapia por um ano e meio, até hoje, para agradar a terceiros, acaba se colocando em situações indesejadas.De acordo com o psicólogo gestalt-terapeuta Hugo Ramón Oddone, de Rio Preto, para emitir comportamentos assertivos, dizendo não na hora certa e de maneira correta – sem ser agressivo –, o aprendizado começa muito cedo. “É preciso dizer à criança que o que ela fez está errado, por isto e por aquilo, e, ao mesmo tempo, dar um abraço, desvincular a idéia de que estar errado ou negar-se a alguma coisa é inadequado. Ou seja, precisamos saber que podemos errar, que podemos dizer não, sem medo de perder as pessoas que amamos.” Ele diz que, quando ocorre o contrário, surgem sentimentos como medo, ansiedade, insegurança, e, principalmente, baixa auto-estima.“Não digo que devemos incentivar o egocentrismo na criança, porém, a explicação é muito mais proveitosa do que a bronca. Isso pode resultar em um adulto com problemas de aceitação do seu próprio ser”, observa a hipnoterapeuta Angela Rey, de Jundiaí. O psicólogo clínico comportamental do Instituto de Terapia de Contingências de Reforçamento de Campinas, Reginaldo do Carmo Aguiar, explica que a assertividade envolve a defesa dos direitos pessoais e a expressão de pensamentos, sentimentos e crenças de formas direta, honesta e apropriada, e que não desrespeita os direitos de outras pessoas. “A mensagem básica é: ‘isto é o que eu penso, isto é o que eu sinto e esta é a maneira como eu vejo esta situação’.”
Comportamento gera raiva.
“Às vezes falo ‘sim’ para certas coisas com medo de a pessoa não entender e acabo me prejudicando. Já emprestei dinheiro mesmo sem ter muito, fiz trabalho de faculdade para um monte de gente madrugada a dentro.” A história é da publicitária Cláudia Oliveira, 23 anos. Hoje formada, ela diz sim à praticamente todos os favores solicitados pelo colegas de trabalho. Para o psicólogo Reginaldo do Carmo Aguiar, pessoas com esse comportamento tendem inicialmente a se sentir feridos e ansiosos e, a longo prazo, com raiva. Ele observa, porém, que uma pessoa pode ser inassertiva no seu ambiente de trabalho, mas com sua esposa, por exemplo, assertiva, já que para cada ambiente temos uma resposta. “A inassertividade envolve a violação dos direitos da própria pessoa pela incapacidade de se expressar com honestidade, permitindo que as outras pessoas o desrespeitem”, explica. Aumento de conflitos interpessoais, liderança obscura, indireta e ineficaz são alguns dos seus reflexos. “O objetivo da inassertividade é satisfazer os outros e evitar conflitos a qualquer custo.” Uma das dicas para mudar é observar pessoas assertivas. “Se tiver alguma intimidade com estas pessoas pergunte como elas se sentem e quais são as vantagens e desvantagens a curto e longo prazo em emitir comportamentos mais assertivos.” Confira mais dicas no quadro abaixo.
Saiba mais
Dicas:
1) Leia textos referentes aos direitos humanos e cidadania.
2) Dê preferência à leitura de obras sobre comportamentos assertivos, que são mais científicos e claros do que considerados “auto-ajuda” e que prometem resultados a curto prazo.
3) Invista em cursos e workshops sobre o treino da assertividade.
4) Comece a observar como as pessoas assertivas ao seu redor se comportam. Pergunte como se sentem e quais são as vantagens e desvantagens a curto e longo prazo de serem dessa forma.
5) Aguçe a capacidade de auto-observação e de identificação dos comportamentos socialmente aceitos.
6) Em alguns casos a psicoterapia pode ser mais eficaz e acelerar o processo de aprendizagem do treino das Habilidades Sociais.
Como são os assertivos
1) Acreditam profundamente no que dizem; são espontâneos e calmos.
2) Conhecem seus direitos e os direitos dos outros.
3) Conhecem seus limites e os respeitam.
4) Não permitem que controlem suas vidas.
5) Sabem o quanto podem recuar e quando impor limites.
6) São diretos no que dizem; falam de forma clara e com postura firme.
7) Agem objetivamente; são diretos e práticos.
Fontes: Psicólogos Reginaldo do Carmo Aguiar e Hugo Ramón Oddone
28/10/2007
Jornalista Graziela Delalibera da Agência Bom Dia
Copyright © 2007 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
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Endereço e contato para atendimento clinico e palestras: ver em "Quem sou eu" na parte superior a direita da página.

Impotência, disfunção erétil, "broxa", impotente? Há soluções para resolver este problema? O que um psicólogo pode fazer para ajudar? Campinas

A estátua de Davi de Michelangelo simboliza o ideal clássico de masculinidade de sua época. Se Michelangelo pudesse refazer a estátua de acordo com a contemporaneidade ele provavelmente faria o Davi com o pênis gigante e ereto.

Como se define a disfunção erétil?

Segundo o DSM IV revisado a característica essencial do transtorno erétil também denominado de transtorno de ereção masculina e impotência masculina é a incapacidade ou inabilidade persistente ou recorrente de se obter ou manter uma ereção adequada e satisfatória para o desempenho até a conclusão da atividade sexual. É um transtorno muito comum: estima-se que cerca de 300 milhões de homens sofram de transtorno erétil em todo o mundo.

Existe algum ciclo que define um padrão sexual normal? E em que fase deste ciclo o psicoterapeuta deve atuar?
Há um ciclo sexual com cinco fases bastante distintas e definidas. São elas:
a) desejo - ocorre depois que um indivíduo vê uma pessoa atraente ou em reação a uma insinuação que a faz pensar em sexo. É importante esclarecer que as fantasias sexuais podem ocorrer na ausência de qualquer insinuação sexual.
b) excitação/ereção – o pênis consiste de três massas cilíndricas de tecido erétil: dois corpos cavernosos que estão lado a lado e acima, o corpo esponjoso uretral, que transmite a uretra. As extremidades distais dos corpos cavernosos formam a glande. Os corpos cavernosos expandidos se estendem pela linha mediana até o ponto de entrada da uretra prostática e é também recoberto por um tecido de músculo esquelético, o bulbo cavernoso. O tecido erétil do corpo cavernoso é um sistema semelhante a uma esponja de espaços vasculares irregulares que estão nos espaços entre artéria e veias. No estado flácido estes espaços são mais ou menos colapsados e contém pouco sangue; durante a ereção eles se tornam cavidades muito grandes distendidas com sangue. Na excitação, o corpo se prepara para a atividade sexual contraindo músculos e aumentando a frequência cardíaca e fluxo sanguíneo no pênis, tornando-o ereto. A ereção peniana é resultante de uma massiva vasocongestão (concentração de sangue nos vasos sanguíneos nos três corpos cavernosos que percorrem toda a extensão do pênis). Quando o homem fica excitado, a primeira mudança que ocorre no pênis é um aumento no comprimento. Só então é que o volume começa a aumentar - até por fim alcançar um aumento de 200 por cento - a medida que o sangue aflui às artérias do pênis. Quando estas se dilatam, a pressão força o sangue - agora com oito vezes a quantidade que ocorre no pênis flácido - a ocupar os espaços cavernosos. Dentro dos corpos cavernosos, o sangue é absorvido pelos tecidos erétil e esponjoso, com seu sistema de espaços infláveis. Assim, a ereção é um processo de duas partes: a glande e o tecido esponjoso fornecem o volume, enquanto os tecidos cavernosos fornecem a rigidez. A firmeza da ereção depende da manutenção de uma alta pressão nos corpos cavernosos, e isso depende das veias. O sistema de vazão do sangue deve se fechar para que se evite escape; caso contrário, a ereção não se manterá. Observa-se também um umento no pulso e pressão sanguínea. E um umento no suprimento sanguíneo à superfície do corpo resultando no aumento da temperatura da pele, respiração rápida, e um aumento geral da contração muscular.

c) platô/ereção – o organismo estabiliza-se excitado. A fase refere-se a um breve período de tempo antes do orgasmo. Aqui, a respiração se torna mais rápida e os músculos se tornam mais tensos. O pênis, que alcança ereção completa durante a fase de excitação, mostra um leve aumento em sua circunferência durante este estágio. Um aumento no tamanho testicular se torna aparente. A glande se incha e os testículos se alargam.
Na iminência do orgasmo, um fluído pré-ejaculatório originado na glândula de Cowper pode ser secretado e chegar à glande. Frequentemente, ele contém esperma ativo. A aproximação é acompanhada por vermelhidão na face, pescoço, peito e algumas vezes ombros e coxas.

d) orgasmo – fase da descarga das tensões acumuladas. A fase orgásmica está associada com sentimentos de inevitabilidade de ejaculação no homem. A relação sexual culmina e termina no orgasmo, um processo no qual o homem expele sêmen, contendo células espermáticas e um plasma seminal que contém água, sais, nutrientes celulares e metabólitos. A capacidade masculina de produzir e secretar sêmen, assim como de funcionar sexualmente, é dependente de hormônios andrógenos, que circulam no corpo masculino. Como a ejaculação e depois o orgasmo são essenciais para a fertilização, e desde que as respostas masculinas são geralmente mais rapidamente induzidas, o homem alcança o orgasmo mais consistentemente durante o coito do que a mulher. No orgasmo, o pênis se contrai ritmicamente para expelir o esperma e o sêmen, um processo chamado ejaculação.

e) resolução - Diminuição na excitação ocorrida após o orgasmo. O homem entra no período refratário durante o qual as reações não são possíveis por um período de tempo. A vermelhidão se dissipa e a perspiração algumas vezes é vista no período pós-orgásmico. Perda de inchaço do pênis ocorre com a perda de vasocongestão localizada. O escroto se relaxa e começa a aparecer uma diminuição geral da contração muscular.

A disfunção passou a ser caracterizada pela ausência de algumas dessas fases. Sendo função do psicoterapeuta sexual a recuperação do ciclo.

O cérebro tem parte importante na ereção?
As reações fisiológicas, psicológicas e comportamentais que acompanham o ato sexual são mediadas por um complexo mecanismo envolvendo:

a) O Sistema Nervoso Periférico (somático e autônomo).
b) O Sistema circulatório periférico ao nível da genitália.
c) A medula espinhal e nervos periféricos do abdômem inferior.
d) O Sistema Nervoso Central(SNC).
e) O sistem endócrino (hormônios sexuais).

Todos estes sistemas interagem entre eles de uma forma complexa para produzir a ereção, mas quem gerencia é o cérebro.
O funcionamento do pênis no coito está sob controle total do SNC (cérebro e medula espinhal). Portanto, o transtorno erétil pode ser causado por qualquer distúrbio que afete nos circuitos nervosos que conectam o pênis ao SNC. A ereção é o produto final de uma série de eventos orquestrados com maestria pelo SNC. Mesmo quando o pênis está em repouso o SNC está trabalhando duro, através do sistema nervoso simpático, que trabalha continuamente para limitar o fluxo sanguíneo ao pênis. Desta forma ele se mantém flácido a maior parte do tempo.
A resposta sexual masculina reflete um equilíbrio dinâmico finamente regulado entre forças excitatórias e inibitórias. Por um lado o sistema nervoso simpático inibe a ereção enquanto o parassimpático funciona como uma das muitas vias excitatórias.
Quais são as fontes de excitação no nosso corpo para produzir a ereção?
A excitação sexual pode vir de várias fontes:
A) Nível local (Processo ascendente. Informações das regiões erógenas até a medula espinhal independente de regiões mais superiores). O toque e a estimulação mecânica da genitália externa no homem e na mulher (pressão, tato, atrito etc), além das regiões erógenas provocam a excitação de vários tipos de receptores sensoriais localizados na pele, mucosa e tecido subcutâneo. Esta excitação viaja através de nervos sensoriais, do abdômem inferior à medula sacral e inicia numerosos reflexos autonômicos (simpáticos e parassimpáticos), os quais controlam o afluxo seletivo de sangue a estas regiôes, secreções de glandulas e a contração de músculos lisos nos órgãos sexuais. Estas reações ocorrem independentemente de porções mais altas do Sistem Nervoso (cérebro, por exemplo), elas até podem ser provocadas, por exemplo, em indivíduos tetraplégicos que tiveram suas medulas seccionadas por acidentes em níveis mais altos. Isso pode ser comprovado por observações feitas em veteranos de guerra lesionados na medula espinhal, por ocasião da segunda guerra mundial, que mostraram que, apesar de paralisados e com perda de controle de muitas funções, cerca de dois em cada três soldados paraplégicos podiam ter ereções. Alguns, surpreendentemente, podiam ter intercurso vaginal e orgasmo. Hoje sabemos que existe um “centro de geração de ereções”, no segmento sacral da espinha (logo acima do fim da espinha, entre a vértebra S3 e T12). A ereção neste caso é reflexa, gerada intensamente pela espinha dorsal, em resposta à estimulação do pênis. A capacidade de reprodução é algo tão importante que a seleção natural permitiu uma ereção desencadeada apenas pela circuitaria nervosa da base da medula espinhal. A estimulação física do pênis envia sinais através do nervo pudendo à este centro, cujos interneurônios estimulam os neurônios parassimpáticos próximos. Esses neurônios parassimpáticos, por sua vez, enviam sinais que induzem o pênis à ereção. É surpreendente constatar que, quando o cérebro está desconectado do “centro de geração de ereções” na espinha, ocorre uma facilitação das ereções, e não o contrário. É preciso menos estimulação táctil e acontecem ereções com muito maior freqüência. Isto só seria possível se o cérebro exercer um efeito inibitório. Um estudo com ratos onde as vias que ligam o cérebro ao centro foram cirurgicamente desligadas mostrou um espantoso aumento de mais de 1000% no número de ereções. Somente em 1990 é que estas observações foram reforçadas com a identificação de um núcleo cerebral que tem a função de frear as ereções reflexas medulares. Este grupo de neurônios especializados foi chamado Núcleo Paragigantocelular (P.N.G.- paragigantocelular nucleus). A destruição deste núcleo no cérebro de ratos machos produz ereções muito mais freqüentes e intensas.
B) Nível Central (Processo descendente). O córtex sensorial e o sistema límbico, além de suas funções sinalizadoras, excitam o hipotálamo e outras estruturas que controlam o Sistema Nervoso Autonômico, com o resultado que reflexos da medula espinhal acompanhando o coito se tornem ainda mais estimulados. Isto quer dizer que o estímulos sensoriais como cheiros, visão ou mesmo pensamentos produzem sinais excitatórios que são transmitidos do cérebro para regiões inferiores como o hipotálamo que excita a hipófise que libera hormônio que é capturado pelos ovários e testículos que produzem hormônios gonadais como o FSH, LH e oxitocina que produzem a ereção do pênis, que responde secretando neurotransmissores pró–erécteis, como o óxido nítrico (NO) e acetilcolina. Estas substâncias fazem com que os músculos das paredes das artérias relaxem. Deste modo, aumenta o fluxo sangüíneo, enchendo com sangue as câmaras que existem dentro do pênis, no corpo cavernoso. Quando essas câmaras se expandem ocorre uma compressão nas veias que normalmente drenam o sangue do pênis. Essa compressão aumenta até que as veias fiquem praticamente fechadas, encurralando o sangue dentro das câmaras. Assim ocorre a ereção. Este processo descendente proporcionou muitas vantagens evolutivas maximizando a possibilidade de ter descendentes.
C) Local depois de excitado pelo Sistema Central (processo ascendente). Durante uma ereção, o pênis não só recebe como também envia sinais ao SNC(processo ascendente), através dos seus receptores táteis, existentes em alta densidade. Os impulsos sensoriais saem da genitália ereta, em resposta ao tato e às respostas locais e envia informações para a medula espinhal, cérebro, córtex sensorial e ao sistema límbico(cérebro emocional). Onde eliciam percepção consciente e reações prazerosas.
O que acontece depois da excitação diminuir ou depois do orgasmo?
Depois da excitação diminuir ou do orgasmo, o sistema nervoso simpático novamente limita o fluxo sanguíneo para o pênis, que retorna ao seu estado flácido. E o pênis pode ficar flácido com estímulos que aumentam a atividade simpática, como frio ou estresse.

O que ocorre com o pênis durante o sono REM?
Já a desativação temporária do sistema nervoso simpático aumenta as ereções, como ocorre durante os sonhos. Cinco ou seis vezes por noite, entramos na chamada "fase R.E.M." (iniciais em inglês que significa movimento rápido dos olhos). Numa destas fases, os neurônios do sistema nervoso simpático são "desligados" a partir de um núcleo situado no tronco encefálico, chamado locus coeruleus. As mulheres experimentam enturgescimento labial, vaginal e clitoriano, e os homens têm ereções na fase R.E.M. Especula–se que este mecanismo evoluiu para reenergizar o pênis e o aparelho genital feminino com o sangue rico em oxigênio. Seja qual for a natureza, orgânica ou psicológica, a impotência tem cura e o primeiro passo para a cura é, obviamente,o diagnóstico correto.

Um dos exames realizados para estes diagnóstico é a eletroneuromiografia, ou teste de intumescência peniana noturna, realizada com auxílio de um equipamento denominado Rigiscan, em laboratório de sono. Como todo homem tende a ter ereção dormindo, o aparelho mede a sua qualidade e a quantidade durante a fase do sono chamada REM (sigla inglesa para RAPID EYES MOVIMENT, ou movimento oculorrápido). O equipamento possui dois anéis conectados a eletrodos, colocados em volta do pênis, que analisam a qualidade das ereções noturnas e traçam um gráfico completo. Se as ereções espontâneas forem satisfatórias, isto significa que o sangue chega ao pênis e é corretamente represado. O distúrbio, portanto, tem fundo psicológico.

Quais os efeitos do uso de antidepressivos em relação as funções sexuais?O versátil neurotransmissor serotonina (5-HT) atua neste caso com efeito inibitório. Os neurônios do P.N.G. estão conectados com o “centro de geração de ereções”, enviando seus axônios cujas terminações liberam serotonina. Como a serotonina se antagoniza com os efeitos dos neurotransmissores pró-erécteis, acontece uma inibição das ereções.
Quais as implicações desta descoberta? O consumo mundial de antidepressivos vem atingindo proporções gigantescas, com milhões de pessoas tomando drogas chamadas “inibidores seletivas de recaptação/reabsorção de serotonina” (como o Prozac e o Paxil), que aumentam os níveis deste neurotransmissor. O que é observado como efeito colateral nestes casos é justamente ejaculação retardada ou bloqueada nos homens e desejo reduzido e dificuldade de atingir o orgasmo nas mulheres, fenômenos facilmente compreensíveis quando consideramos a ação inibitória da serotonina no “centro de geração de ereções” medular, via P.N.G.

O cérebro se comunica com os hormônios do corpo?
O hipotálamo é uma estrutura cerebral importantíssima na reprodução, pois faz o papel de intermediar relações entre o sistema endócrino e o S.N.C. Uma região do hipotálamo chamada “area pré-ótica medial” (M.P.O.A. – Medial Preoptic Area), quando estimulada eletricamente ou por meio químico causa ereção em ratos. Essa região parece integrar estímulos de muitas partes do cérebro fazendo parte dos circuitos nervosos que organizam padrões mais sofisticados de comportamento sexual. Em modelos animais, evidências apontam que pode estar envolvida no reconhecimento do parceiro sexual, por exemplo.
O núcleo paraventricular do hipotálamo funciona como um centro de processamento que envia e recebe sinais de diferentes partes do cérebro e medula espinhal. Ocorre liberação de oxitocina quando estamos sexualmente estimulados. Este neurohormônio é conhecido pela capacidade de produzir lactação e contrações uterinas, já tendo sido apelidado de “neurohormônio do amor”, pelo envolvimento na ligação (bonding) de par e mesmo social (social attachments). O toque físico eleva a ocitocina, daí a contribuição da massagem na erotização em ambos os sexos. Níveis elevados deste neurohormônio promovem o impulso de tocar, o comportamento afetuoso e parental.
A oxitocina tem um poderoso efeito pró- erétil no homem, ligando-se a receptores e estimulando as vias nervosas que vão do centro de geração de ereções na medula até o pênis. A ejaculação é acelerada, a sensibilidade do pênis é aumentada e aumenta a receptividade sexual em ambos os sexos.

Qual a incidência do problema de disfunção erétil no Brasil? E quantos procuram ajuda?
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) a disfunção erétil atinge entre 10 a 50 % da população. E tende a aparecer como episódio isolado ao menos uma vez na vida. Estima-se que no Brasil existam 10 milhões de homens com algum grau de dificuldade de ereção.
Apenas cerca de 30% buscam atendimento profissional.

Quais fatores relacionados a saúde do indivíduo influenciam na disfunção erétil?
Problemas físicos/orgânicos como: estreitamento dos vasos sanguíneos (arterosclerose), hipertensão, diabetes, deficiências hormonais, distúrbios neurológicos, patologias penianas e problemas circulatórios são os principais problemas que aparecem em clínicas especialistas . A isso soma-se o uso freqüente do cigarro e o alcool que tem demonstrado em diversas pesquisas que vem afetando o desempenho sexual dos indivíduos. Contudo, mesmo um homem com saúde impecável está sujeito a sofrer um bloqueio mental na cama. Quanto mais jovem a pessoa afetada, tanto mais as atenções se voltam para fatores psicológicos. Muitos urologistas despreparados buscam atribuir os distúrbios de ereção apenas a causas orgânicas. Apesar de um grande número de pesquisas médicas relacionarem a disfunção erétil exclusivamente a fatores orgânicos, relegando os fatores psicológicos a segundo plano, não é isto que se observa na prática clínica. Na verdade em 80% dos homens com este problema as causas são de natureza psíquica. É difícil as pessoas entenderem que a história de vida delas é construída a partir de ambientes dos mais diversos que ela viveu e que aprendeu informações adequadas e inadequdas e isto altera a sua interpretação de determinadas situações que podem afetar seus desempenhos sexuais. Logo, a perturbação orgânica é apenas uma expressão de uma interpretação inadequada fundada em crenças e regras disfuncionais desenvolvidas a partir de uma história de contingências de reforçamento (aprendizagens durante a vida) .

O que é o Viagra e como atua o Viagra?
O Viagra é um nome comercial do componente ativo que é o Citrato de Sildenafil, é um composto que mimetiza o óxido nitroso que atua diminuindo a ação de uma enzima que decompõe um dos agentes químicos que mantém os músculos relaxados, mantendo o sangue no pênis. Portanto, a ação do Viagra é diretamente no pênis, mas necessita ainda do estímulo psicogênico (libido). Em um de cada três casos, o efeito potencializador da ereção permanece demasiadamente fraco. Estão em estudo drogas de uma nova geração que irão agir diretamente no cérebro e que prometem ser mais eficazes.
O homem que faz uso de medicamentos orais para tratamento da ereção, sem acompanhamento psicológico, dificilmente aprende a lidar com sua real dificuldade sexual, cada vez mais presente na vida dos casais, e acaba, em alguns casos, indiretamente dependente do medicamento. Também percebe-se nesses clientes a perda da referência de como ocorre uma ereção “normal”, já que a droga gera uma grande facilidade para se obter ereção.

O que o profissional da Psicologia pode fazer para ajudar este indivíduo com o problema da disfunção erétil?
a)
Fazer uma avaliação psicológica centrada na entrevista comportamental. Isto para conhecer o histórico da pessoa, suas necessidades, esperanças e preocupações. E Identificar a auto imagem e as expectativas de desempenho do indivíduo.
b) Dar aconselhamentos e ensinar exercícios para realizar em casa: exercícios de relaxamento, massagens, carícias mútuas (casal) etc. Isto com o objetivo dos parceiros sexuais reaprenderem a se confrontar sem medo e a experimentar o contato físico como algo agradável e natural.
c) Discutir questões relacionadas a comunicação interpessoal, bem como à assertividade. Caso sejam precárias instalar repertório de comportamentos mais assertivos.
d) É função do psicoterapeuta: distribuir as responsabilidades entre os parceiros sexuais, estimular o indivíduo a fazer uso de suas fantasias, mudar a visão sobre o sexo extremamente genitalizada, para uma visão mais lúdica, prazerosa e descomprometida de normas e regras.
e) Eliminar regras como: “Sexo só faz sentido com penetração e orgasmo”; “A ereção deve ocorrer rapidamente ao menos contato sexual”; “A(o) parceira(o) só terá prazer se eu tiver uma boa ereção etc". E propor regras mais adaptadas como: "Prazer antes da excitação", "Sexo não envolve performace".

f) Ensinar técnicas de aprimoramento para melhora da ereção.

É importante deixar claro que a psicoterapia sexual não é uma prestação de serviços como a que se recebe num cabeleireiro, onde se senta, e deixa-se que façam o trabalho e pronto. Na psicoterapia o cliente tem que participar ativamente das atividades durante o processo de tratamento.

O que o profissional da Medicina pode fazer para ajudar este indivíduo?
Exames laboratoriais entre eles: Dosagem hormonal de glicose, de colesterol e triglicéris. A eletroneuromiografia ou teste de intumescência peniana noturna. Este equipamento mede a qualidade e a quantidade de ereções penianas durante o sono. Isto elimina a probabilidade de ser uma causa estritamente orgânica. Outro recurso é o Duplex scan ou ecodoppler peniano, que mede o fluxo arterial do pênis e identifica eventuais obstruções.

Muitos médicos prescrevem drogas vasoconstrictoras injetáveis. São drogas que são aplicadas na hora que vai iniciar o sexo e tem menos efeitos colaterais que o Viagra por exemplo. É importante esclarecer que isto não resolve o problema caso for de ordem psíquica.

Quais são as causas psicológicas da disfunção erétil?
Essa disfunção tem muitas causas, que vão desde fatores puramente fisiológicos, até o estresse e outros mecanismos psicológicos. O transtorno erétil é chamado psicogênico quando o organismo funciona adequadamente quanto à fisiologia sexual, mas apresenta um transtorno na ereção sob determinadas circunstâncias. Citarei duas causas bastante oportunas:
Inicialmente é importante enfatizar o ambiente que o indivíduo está inserido. E depois constatar o clamor pela capacidade de desempenho e por potência sexual em detrimento ao prazer da intimidade física em si que é hoje onipresente na nossa sociedade. A obrigação imposta por uma ereção e uma ejaculação leva o homem a uma enorme pressão, a qual acaba, paradoxalmente, por interferir no mecanismo de ereção. A publicidade se vale cada vez mais de imagens e símbolos com carga sexual para vender automóveis, lâminas de barbear ou cerveja. Por toda parte, os meios de comunicação falam em sexo “bom” ou “melhor”, como se não pudesse desfrutar do sexo ruim ocasionalmente. Desse modo, é comum que já na puberdade se sedimentem nos homens mitos sexuais irrealistas: só quem é capaz de fazer sexo muitas vezes ou demoradamente vale alguma coisa. E no amor não há lugar para fraquezas ou medos. Homens com problemas de potência sexual muitas vezes dão a esses mitos créditos acima da média. Como em tudo na vida contemporânea, também no sexo o que conta é apenas o desempenho. Assim também a idéia que os homens fazem das exigências sexuais femininas é, com freqüência exagerada. O resultado é, que tão logo se abre o caminho para um contato sexual, eles se observam e se avaliam de fora, como se fossem outra pessoa, e consequentemente se intimidam. Diante desta ideologia que multiplica incapacidades, gerando frustrações, mas prometendo um mundo de emoções, deparamo-nos com o cliente que apreesenta a queixa sexual, presa fácil desse sistema. Logo expectativas de desempenho, profecias auto realizadoras, regras inadequadas instalam o comportamento desadaptado.
Todo aquele que aprende a ter mais satisfação no convívio com a parceira, em vez de precisar assumir o papel de garanhão, já terá dado um grande passo na direção certa.
Um segundo ponto importante, que é conseqüência do primeiro, é que o comportamento adotado na hora do ato sexual é um dos principais fatores na falha sexual. Há uma regra de que a o prazer decorre da ereção. Ou seja a ereção vem primeiro e depois o prazer. Dessa forma, somente sentem prazer quando excitados, mas a excitação deve ser conseqüência do prazer sexual e não ao contrário.
Se o indivíduo prioriza a ereção ao invés de priorizar o prazer e o desejo o que ocorre comportamentalmente?
Usando esta regra inadequada o indivíduo prioriza a ereção, durante o ato, fica preocupado em se observar e em auto-avaliar, colocando-se em um papel de espectador. Este ciclo vicioso envolve as seguintes etapas de um encadeamento comportamental:
1) Falha na resposta de excitação.
2) Auto observação.
3) Desligamento dos estímulos eróticos.
4) Dificuldade de ereção.
5) Ansiedade.
6) Inibição da resposta sexual.
7) Falha sexual.


Tela o grito de Munch

Qual a explicação existente para dizer que o estresse provoca a disfunção erétil?
Em humanos e algumas espécies, as ereções são hemodinâmicas, dependendo de um fluxo aumentado de sangue e do bloqueio da saída. Em roedores e outros animais, as ereções são musculares, acionadas pela contração de músculos específicos. As ereções hemodinâmicas tem a desvantagem de serem mais lentas do que as musculares, mas em compensação duram mais.
O estresse patológico (distress) acarreta duas conseqüências imediatas importantes para as funções sexuais masculinas. A primeira está ligada ao fato de que o estresse e a ansiedade implicam em predomínio da atividade simpática, e ereções necessitam do sistema nervoso parassimpático ativado, resultando deste descompasso autonômico uma disfunção erétil psicogênica. Segundo, se um sujeito estressado e ansioso consegue a ereção, cognições negativas podem bloqueá-la ou um acionamento simpático pode levar a ejacular antes do tempo (ejaculação precoce).
Segundo o neurocientista Robert Sapolsky, mais da metade das visitas masculinas a consultórios médicos por queixas de disfunção erétil se devem à impotência psicogênica(psicológica) e não orgânica. Nas disfunções orgânicas, não ocorrem ereções durante o sono R.E.M., quando o sistema nervoso simpático é desligado momentaneamente pelos neurônios do locus coeruleos. Com a ativação simpática excessiva, a ereção simplesmente não ocorre. Uma ampla gama de espécies animais exibe enorme sensibilidade ao estresse, não conseguindo ereções nestas condições.
Um dos fatores mais influentes na etiologia do T.E. psicogênico é a interação que se estabelece entre o processamento cognitivo do sujeito e microssurtos de adrenalina e ativação simpática. A reação de luta ou fuga envolve uma imediata paralisação das atividades do organismo que não são prioritárias para a sobrevivência. Nossos antepassados, quando sob ameaça, só conseguiram sobreviver inibindo respostas como alimentação, sono e sexualidade e adaptando-se a demanda momentânea com o conjunto de reações que facilita o ataque ou a defesa. Nessa situação, nosso comportamento fica voltado ao que seria prioritário, deixando o sexo para depois.
No entanto, processos cognitivos podem levar à percepção de ameaças (reais ou fantasiosas) e desencadear um microssurto de adrenalina em resposta a seqüências de pensamentos, mesmo na ausência de um perigo externo objetivo. O medo de não conseguir uma ereção frente a uma garota atraente e sexualmente agressiva pode ocasionar secreção de adrenalina e acionamento do sistema nervoso simpático, o que derrota facilmente uma ereção, fechando um circuito de retroalimentação negativa. A queda da responsividade do pênis alimenta pensamentos catastróficos (associados à rejeição, depreciação, ridicularização, abandono, etc) que aumenta o fluxo de adrenalina no sistema, impedindo completamente qualquer possibilidade de ereção.
Ou seja, cognições levam a respostas fisiológicas cujos efeitos retroalimentam cognições mais ansiogênicas, que desencadeiam por sua vez reações mais intensas e assim por diante, estabelecendo uma disfunção erétil mesmo em um organismo perfeitamente apto (a presença de ereções durante o sono pode fornecer evidência objetiva), nos demais aspectos, ao desempenho sexual satisfatório.
O que deve ficar claro é que o estresse não causa disfunção erétil. O que causa disfunção erétil é a interpretação feita diante de um estímulo como estímulo ameaçador e a maneira como se comportam diante do sexo apenas como desempenho (alívio) e não como satisfação.
Há este mito de que o estresse causa a impotência. Há esta imagem do executivo angustiado e cobrado em demasia que falha na cama é um lugar comum ultrapassado. Quando alguém submetido a uma situação estressante, como por exemplo, o período de provas na faculdade-falha sexualmente, não seria em si o estresse o culpado, mas uma falsa percepção de si mesmo e da interpretação que se faz da situação a partir da sua história de contingências . Em muitos casos transfere-se para a vida sexual a pressão por desempenho a que se está submetido. Nesses casos, também o amor passa de um jogo prazeroso a uma tarefa penosa, que precisa a todo custo ser cumprida com maestria.

Qual o melhor tratamento psicológico para o tratamento da disfunção erétil?
A terapia comportamental é o mais indicado neste caso porque tem demonstrado em pesquisas resultados mais eficazes, uma vez que trabalham identificando e modificando os pensamentos, regras e crenças disfuncionais que são estímulos inadequados para respostas respondentes (fisiológicas) que disparam a adrenalina, além de procurar substituir os condicionamentos mal adaptados estabelecidos por aprendizagem em experiências de fracasso anteriores por novos padrões comportamentais. Os condicionamentos de medo e ansiedade, associados à experiências sexuais negativas anteriores podem ser decisivos, fazendo a amígdala disparar quando existe reconhecimento de estímulos presentes nas situações originais. As psicoterapias comportamentais fazem um trabalho para resignificar as informações contidas na amígdala.

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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Tímido, Fóbico Social, Inassertivo, Passivo, ...? Por que algumas pessoas não sabem dizer não?

(Entrevista dada ao Jornal Bom dia de Jundiaí, São José do Rio Preto e Sorocaba)


Jornalista Graziela Delalibera: Por que algumas pessoas não conseguem impor limites nem dizer não?
Psicólogo Reginaldo:
Este comportamento inadequado vai depender principalmente, mas não apenas, da história de vida do indivíduo. Em geral em qual ambiente a pessoa esteve inserida? Como ocorreu a sua socialização? Detalhadamente como foi sua educação dentro de casa e das pessoas ao seu redor, se suas relações sociais no período de desenvolvimento foram saudáveis? Ocorreram alguns episódios marcantes ou traumático na vida do sujeito? A partir deste histórico pessoal detalhado poderá se entender porque alguns comportamentos são tão fortalecidos e qual é o repertório de habilidades sociais (déficits e excessos) existente no indivíduo para lidar com a demanda de seu ambiente. Há três comportamentos muito usuais referentes ao relacionamento interpessoal e vai de encontro ao repertório adquirido em sua vida. São eles: O comportamento assertivo, inassertivo e agressivo.
Faz se mister detalhar os dois primeiros: A assertividade envolve a defesa dos direitos pessoais e a expressão de pensamentos, sentimentos e crenças de formas direta, honesta e apropriada e que não desrespeitem os direitos de outras pessoas. A mensagem básica da asserção é: “Isto é o que eu penso, Isto é o que eu sinto e esta é a maneira como eu vejo esta situação”. Esta mensagem expressa “quem a pessoa é” e deve ser dita sem dominar, humilhar ou depreciar a outra pessoa. Em suma, o objetivo da assertividade é respeitar a si mesmo, expressando as suas necessidades e defendendo seus direitos, e respeitando as necessidades e direitos dos outros.
Em oposição a inassertividade envolve a violação dos direitos da própria pessoa pela incapacidade de expressar com honestidade sentimentos, pensamentos e crenças honestas e, consequentemente, permitindo que as outras pessoas o desrespeitem. Envolve ainda a expressão de seus pensamentos e sentimentos de forma muito desculposa, tímida, se auto anulando, sendo subserviente, de maneira a permitir que as pessoas facilmente a desconsiderem porque a outra pessoa é mais velha, mais poderosa, mais experiente, sabe mais ou é de um sexo ou raça diferente. Neste caso é muito comum: “Eu não mereço consideração, pode levar vantagem sobre mim. Meus pensamentos não são importantes, apenas os seus devem ser considerados. Não sou ninguém, você é superior a mim”. Em suma, o objetivo da inassertividade é satisfazer os outros e evitar conflitos a qualquer custo.
É importante não usar rótulos sintéticos dizendo por exemplo que o indivíduo é inassertivo, isto não vai ajudar ele a melhorar e isto provavelmente vai rotular o indivíduo. Deve ficar claro que o indivíduo responde ao seu ambiente diferencialmente. Isto quer dizer que uma pessoa pode ser assertiva no seu ambiente de trabalho, mas com sua esposa, por exemplo, ela pode ser inassertiva. Neste sentido estamos falando em assinaturas comportamentais. Portanto, respondemos de forma diferente dependendo do ambiente q estamos inseridos e de acordo com a história pessoal com este ambiente.


Graziela Delalibera: Quais os sentimentos/sofrimentos que esse comportamento desperta no indivíduo?
Reginaldo:
Em geral a pessoa que emite os comportamentos inassertivos tende a se sentir ferido, ansioso no momento e, a longo prazo, com raiva.

Graziela Delalibera: Como a passividade prejudica os relacionamentos e a vida profissional?
Reginaldo:
Basicamente as relações entre os indivíduos se dão entre ação e comunicação. A comunicação tem um papel fundamental, a ponto de estabelecer as condições apropriadas para a ocorrência das ações. Por meio dela eu vendo, solicito produto, aponto necessidades, levanto expectativas, antecipo necessidades, ou seja, estou influenciando o comportamento de outras pessoas. A comunicação abrange o local de trabalho. O “sujeito inassertivo”, neste sentido, não consegue dizer não as horas extras exaustivas e mal compensadas, ou questionar o cumprimento de prazos absurdos, enfrentar o assédio moral ou sexual e frequentemente rejeitam uma oferta de emprego pela falta da competência social. Eles também desenvolvem companheiros de suas relações em indivíduos com sentimentos de culpa ou de superioridade. Pesquisas revelam que os resultados produtivos de sujeitos que emitem comportamentos inassertivos a longo prazo são menores e que estes tendem a ser mais acometidos de estresse principalmente por serem facilmente controlados e a não ter iniciativa onde é requerido. Logo se a pessoa não é assertiva, ela acaba “somatizando” e apresenta problemas como dores de cabeça, gastrite, tensão muscular, etc. que piorará ainda mais sua produtividade no próprio ambiente de trabalho. Alguns malefícios conseqüentes de indivíduos comportamentalmente inassertivos são:
- Aumento de conflitos interpessoais.
- Liderança obscura, indireta e ineficaz.
- Negociações mal conduzidas.
- Mal planejamento no fechamento de vendas.
- Piora no clima organizacional.
- Clientes insatisfeitos com o atendimento.
- Pessoas mais inseguras, insatisfeitas e mais estressadas.

Graziela Delalibera: Quais as dicas para mudar esse comportamento e posicionar-se melhor?
Reginaldo:
1) Ler textos referentes aos direitos humanos e cidadania. Entre eles são direitos nossos: “Ser respeitado e tratado de igual para igual; Expressar os próprios pensamentos, opiniões e sentimentos; Dizer não, sem sentir-se culpado; Dizer sim, quando lhe convier; Dizer “não entendi” e pedir esclarecimentos; Concordar e discordar; Aceitar ou não as idéias, opiniões ou críticas de outras pessoas; etc”.
2) Há vários livros sobre a emissão de comportamentos mais assertivos. Dê preferência aqueles da área comportamental que são mais científicos e claros do que aqueles considerados “auto-ajuda” que prometem resultados a curto prazo.
3) Existem diversos cursos e workshops sobre o treino da assertividade. Pesquise na internet, por exemplo.
4) Sempre há modelos de pessoas assertivas ao nosso redor. Comece a observar como estas pessoas se comportam. Se caso tiver alguma intimidade com estas pessoas pergunte a elas como elas se sentem e quais são as vantagens e desvantagens a curto e longo prazo em emitir comportamentos mais assertivos.
5) Capacidade de auto-observação e de identificação dos comportamentos socialmente aceitos colabora com o desenvolvimento do comportamento assertivo.
6) Em alguns casos a psicoterapia pode ser mais eficaz e acelerar o processo de aprendizagem do treino das Habilidades Sociais. Principalmente naqueles casos em que o indivíduo tem outras dificuldades na sua vida. Indivíduos muito tímidos, por exemplo, aproveitariam melhor a terapia. A abordagem comportamental é uma ciência que tem um grande arcabouço de técnicas comportamentais com função de aumentar as competências sociais do indivíduo.

Graziela Delalibera: Dizer não requer treino? Como aprender a dizer não na hora certa e de maneira correta, sem ser agressivo?
Reginaldo: Acredito que em muito casos exija treino. Isto porque o nosso cotidiano é bastante complexo e precisamos nos comportar de forma diferente e isto exige um repertório comportamental bastante extenso. E qualquer atuação profissional envolve interações com outras pessoas onde são requeridas muitas e variadas habilidades sociais, componentes da competência técnica e interpessoal. Portanto, não há uma receita pronta sobre a assertividade.


Matéria Jornal BOM DIA de Jundiaí, São José do Rio Preto e Sorocaba.


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