terça-feira, 23 de dezembro de 2008

relacionamento amoroso

Amor, então

Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei é que
se transforma numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Paulo Leminski

Copyright © 2009 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
----------------------------------------------------------------------------------
Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.
É também colaborador no cursinho pré-vestibular Oficina do Estudante.
Endereço da clínica: Rua Antônio Arruda Camargo, 195 (esta rua é paralela a Norte-Sul atrás do Burger King) CEP: 13092-170.Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/. Fone: (19) 32941005 e (19) 32526513.

Sobre pessoas afetivas

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão
tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos, como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Manoel de Barros
______________________________________________________________

Copyright © 2009 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
----------------------------------------------------------------------------------
Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.
É também colaborador no cursinho pré-vestibular Oficina do Estudante.
Endereço da clínica: Rua Antônio Arruda Camargo, 195 (esta rua é paralela a Norte-Sul atrás do Burger King) CEP: 13092-170.Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/. Fone: (19) 32941005 e (19) 32526513.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O que é Comportamento Verbal?

Qual é a concepção tradicional da linguagem?
Segundo N. F. Dronkers, S. Pinker, A. Damasio (2000) in Principles of Neural Science é a habilidade de codificar idéias em sinais para comunicação a outra pessoa. E é a parte mais acessível da mente.

O que é Comportamento Verbal?Segundo Skinner a linguagem deve ser vista como comportamento e especificamente como operante. “O comportamento verbal é modelado e mantido por um ambiente verbal - por pessoas que respondem ao comportamento de certo modo por causa das práticas do grupo do qual são parte. Essas práticas e a interação resultante entre o falante e o ouvinte abarcam o fenômeno que está sendo considerado aqui sob a rubrica de comportamento verbal.”( Skinner, 1957, p. 226 ).

Quais características são necessárias para definir o Comportamento Verbal?a) É estabelecido e mantido por reforçamento.
b) reforçamento é mediado pelo comportamento ouvinte.
c) requer um falante e um ouvinte: episódio verbal.
d) reforçamento mediado requer que o ouvinte tenha sido especificamente treinado para reforçar o falante (“entendê-lo”; emitir respostas funcionalmente relacionadas. )

Dê um exemplo de Comportamento Não Verbal e de Comportamento Verbal?1) Não Verbal: OE (Homem com sede); SD (bebedouro); Resposta (vai até o bebedouro e enche o copo); Consequência (copo com água, ingestão de água).
2)Verbal: OE (Homem com sede); SD (ouvinte); Resposta (pede um copo de água); Conseqüência (copo com água, ingestão de água).

O que controla o dizer?
Segundo Ribeiro (1989) as variáveis controladoras de um relato verbal envolvem:
a) História de reforçamento para a correspondência relato-contingência.
b) História de reforçamento de conteúdos de relatos, independentemente de sua correspondência com as contingências.
c) Reforçamento atual (ou modelagem do comportamento verbal) pelo ouvinte.

Relatos verbais são sempre tatos?
Se há história de reforçamento para a correspondência relato-contingência, ou para o controle do relato por eventos, objetos ou propriedades de eventos e objetos dizemos que o relato é um tato.

O que é um tato?
"Um tato pode ser definido como um operante verbal no qual uma resposta de uma dada forma é evocada (ou pelo menos fortalecida) por um objeto ou evento”“ (Skinner,1957.p.81-82). O evento pode ser a condição corporal sentida. “Há dois importantes tipos de estímulos controladores que são usualmente não-verbais. Um deles...A audiência... O outro é nada menos do que todo o ambiente físico - o mundo das coisas e eventos sobre os quais o falante “fala sobre”. O comportamento verbal sob o controle de tais estímulos é tão importante que é freqüentemente tratado com exclusividade no estudo da linguagem e teorias do significado.” “...O termo carrega uma sugestão mnemônica do comportamento que “faz contacto com” o mundo físico.” ( Skinner, 1957.p.81). “Uma dada resposta especifica uma dada propriedade de um estímulo. Isto é a “referência” na teoria semântica.”(Skinner,1957.p.83).
Os Tatos e o controle de estímulos - “...quando falamos sobre tatear, estamos apenas falando sobre o controle do estímulo, sobre como ele se insere no comportamento verbal....” (Catania, 1999, p.261). Emitir tatos sobre sentimentos envolve estar sob controle de estímulos privados. Nem sempre relatos verbais sobre eventos privados, sobre sentimentos, por exemplo, são tatos. Podem ser mandos.

O que são tatos auto–descritivos?“O comportamento verbal auto-descritivo é de interesse especial por muitas razões. Apenas através da aquisição de tal comportamento o falante torna-se “consciente” do que ele está fazendo ou dizendo e porquê…”(Skinner, 1957, p.139 ).

O que são tatos extendidos?
“Controle de estímulos não é, de nenhuma forma, preciso. Se uma resposta é reforçada numa dada ocasião ou classe de ocasiões, qualquer aspecto dessa ocasião ou que seja comum àquela classe parece ganhar alguma medida de controle” (p.91) Tatos sobre sentimentos não são precisos. Em geral são tatos extendidos.

Há tatos sobre sentimentos? O controle de estímulos é impreciso?
“O que sentimos são condições corporais e o que dizemos sobre o que sentimos não é o próprio sentir...e o dizer, tanto quanto o sentir, são produtos de contingências de reforçamento, mais difíceis de serem identificadas quando o ouvinte não tem acesso ao fenômeno sobre o qual falamos.” ( Skinner, 1989, p.4 ). Portanto, dizer e sentir podem estar sob controle de contingências diferentes.E uma vez que os eventos públicos (que todos podem ter acesso) e privados (que só nós mesmos temos acesso) nem sempre coincidem, palavras para os sentimentos são ensinadas com menos sucesso do que as palavras para os objetos. Por isso, talvez, diz Skinner, que filósofos e psicólogos raramente concordem quando falam sobre sentimentos. “Nós podemos ensinar uma criança a nomear um objeto, por exemplo, apontando para o objeto, dizendo o seu nome e reforçando uma resposta similar emitida pela criança, mas não podemos fazer o mesmo com um estado corporal. Não podemos apresentar ou apontar para a dor, por exemplo...
“...Ao contrário, nós inferimos a presença da dor por algum correlato público. Podemos ver a criança ter uma dura queda, por exemplo, e dizer-lhe: “Isto deve ter doído. Podemos ver a pancada e o encolhimento e dizer: Dói em algum lugar? Nós estamos reagindo à pancada e encolhimento, mas a criança também sente um estímulo privado e pode dizer “machucou” quando acontecer de novo sem o correlato público (Skinner, 1989, p. 4 ).
“ ....as palavras que as pessoas usam para nos dizer o que sentem são adquiridas, como vimos, de pessoas que não sabiam exatamente sobre o que elas estavam falando...( Skinner, 1989, p.8 ).
“Tal análise tem uma importante relação com duas questões práticas: o quanto poderemos saber sobre o que alguém está sentindo? “O quanto o que é sentido pode ser mudado? (Skinner, 1989, p.8 ).

Há um papel das metáforas como origem dos tatos sobre sentimentos?“...todas as palavras para os sentimentos devem ter começado com metáforas, e é importante que a transferência tenha sido sempre do público para o privado. Nenhuma palavra teve ter sido originada como um nome de um sentimento...” (Skinner, 1989, p.8). Neste sentido é importante entender os tatos extendidos como extensão metafórica e entendimento dos sentimentos.
“Quando uma situação simplesmente evoca tatos não extendidos, o comportamento nos diz algo sobre a situação, mas muito pouco sobre o falante, mas as respostas metafóricas foram adquiridas sob outras circunstâncias, sobre as quais inferências podem, portanto,serem feitas.” (p.95).
“Contudo, não podemos ter certeza de que uma resposta é ou não um exemplo de extensão metafórica a menos que conheçamos a história do falante.” (p.94) “As expressões metafóricas de um dado falante ou escritor refletem os tipos de estímulos que mais freqüentemente controlam seu comportamento.”
Há algum exemplo clássico de Skinner de extensão metafórica?
Romeu diz para Julieta : “Você é o sol”. “No exemplo Julieta é o sol não é possível que uma similaridade física tenha sido estabelecida. Apenas para Romeu Julieta brilha... A extensão metafórica deve ter sido mediada por, digamos, uma resposta emocional que tanto o sol como Julieta evocaram nele.”
“Metáfora, assim definida, está próxima do “símbolo” Freudiano
.” (p.97).
“O comportamento verbal seria muito menos efetivo se as extensões metafóricas não fossem possíveis… podem fazer surgir respostas emocionais…” (p.97 )

Há outros exemplo de extensão metafórica?
1)“Soda limonada é como pés formigando” - Pés formigando/soda é igual a estimulação.
2) “ Meu pai é uma tenda.” - tenda/pai é igual a sensação agradável da cessação de estimulação aversiva.
3) “Minha mãe é uma panela de pressão” - Mãe/panela de pressão é igual a sensação desagradável de pressão e ameaça de explosão que é uma estimulação aversiva.

O que nos cabe enquanto analistas de comportamento sobre os relatos de sentimentos?
O que cabe ao analista de comportamento são as contingências de reforçamento sob as quais o sentir ocorre e as contingências verbais sob as quais ele é descrito. No caso dos sentimentos, o que é a condição sentida e o que ocorre no sentir deve ser deixado aos fisiologistas; o que cabe ao analista de comportamento são as histórias pessoais responsáveis pelas condições corporais que o fisiologista encontrará.... ( Skinner, 1989, p.11 ) e pelo dizer...

Por que as pessoas relatam o que sentem?
É uma boa indicação do que ocorreu com elas: a boa máxima de Skinner - não choramos porque estamos tristes e nem estamos tristes porque choramos; choramos e ficamos tristes porque algo aconteceu...É uma boa indicação do que elas poderão fazer...predisposição para o agir....
Mas para o analista será necessário saber das condições que produziram o sentir e medidas da probabilidade do fazer: olhar para a história do indivíduo.

Em que condições o tato de sentimentos ocorre?
1) Os cognitivistas dizem que relatamos medo em situações de medo...Mas estudos experimentais de analistas de comportamento ( Hineline, Catania...) descobriram que os relatos são mais relativos a eventos públicos do que privados...Solicitados a relatarem sentimentos em situações emocionais passadas, as descrições eram muito menos sobre eventos privados do que eventos públicos, como detalhes das situações.
2) Situação: aula em que não havia sido previsto prova; professor distribui folhas de prova; quando o aluno lê, está escrito: isto não é uma prova; descreva os seus sentimentos quando você me viu distribuindo folhas de prova...
“a maioria das respostas consistiu em descrever a situação ou comportamentos verbais privados- “eu não pensei que haveria prova hoje”... Pensei que você havia se enganado e não me senti preparado para a prova.” As respostas que poderiam se referir a relatos de sentimentos foram globais ( “Entrei em pânico”), ou metafóricas, ao invés de literais : “Meu coração saiu pela boca e caiu no chão.” A discussão desses dados mostrou a limitação da linguagem dos sentimentos, mas mostrou também que é possível coletar dados verbais que são relevantes para estas questões.

Como o Comportamento Verbal muda o comportamento das pessoas? Muda o sentir?Questão importante para entender quais os processos envolvidos nas chamadas terapias verbais.
1) O comportamento verbal do terapeuta funciona como estímulo (SD) que pode mudar o comportamento do cliente (seguimento de regras). Kohlemberg e Tsai (1991)
2) O comportamento do terapeuta é dirigido para produzir mudanças no comportamento verbal do cliente: reforçar a descrição de relações funcionais entre os eventos ambientais e seus comportamentos. Aumentar o contacto com variáveis de controle.
3) As instruções podem modificar o comportamento do ouvinte em situações em que as conseqüências naturais são, por si mesmas, ineficientes ou são eficazes somente a longo prazo. As instruções não podem substituir as sutilezas de um contato direto com as contingências. O sentir é uma condição corporal diretamente experienciada. Instruções não mudam isto diretamente, mas apenas pelo aumento da probabilidade de contato com novas variáveis de controle – com novas contingências . (Salzinger e Schingler.)

Quanto há de comportamento verbal em um processo de terapia?Tal como as terapias existem hoje, grande parte delas são verbais; “ talk therapy”. O objetivo do terapeuta é que seu comportamento verbal e o do próprio cliente possam controlar a emissão de comportamentos não verbais fora da sessão. Há um objetivo, portanto, de que surja, como produto do processo terapêutico, uma relação de coerência entre o comportamento verbal trabalhado em sessão e o comportamento não verbal do cliente fora da sessão.

Há coerência entre comportamento verbal e não verbal como produto de formação de relações de equivalência?Uma das explicações para as correspondências entre comportamento verbal e não verbal é que elas acontecem por causa das relações bidirecionais entre o nosso próprio comportamento e as palavras que tateiam aquele comportamento (como na nomeação). Procedimentos que afetam um podem produzir mudanças no outro. O sentir pode estar ocorrendo junto e fazer parte da classe.( Dougher) é sentir o dizer. O aprendizado de TATOS é, portanto, importante para o aprendizado de correspondência verbal e não verbal.

Como é adquirido um tato?As topografias são adquiridas como ecóico (imitação) ou textual. O controle de estímulo é estabelecido por treino discriminativo e reforço diferencial. Neste sentido o SD evoca um Rcorreta que produz um SR. SD evoca uma Rincorreta que não produz SR.

De que modo a comunidade verbal provê reforço diferencial, se não tem acesso ao SD (porque ele é privado)?“A freqüência com a qual o ouvinte se engaja em uma ação efetiva em resposta ao comportamento na forma de Tato vai depender da extensão e acurácia do controle de estímulo no comportamento do falante... a “ crença” do ouvinte na honestidade do falante- na correspondência verbal e não verbal etc...” ( p.88.)

Dê um exemplo de um tato distorcido no cotidiano?
História de pescador. Há um Reforço contingente ao conteúdo e não à correspondência.

Dê um exemplo de um tato distorcido na clínica?Segundo Glenn (1983) Observação pobre. Exemplo:C. Quero sair do meu emprego.
T. Oh?
C. Não dá mais pra trabalhar com o meu chefe.
T. Como assim?
C. Ele me trata horrivelmente.
T. O que ele faz?
C. Hoje ele me deixou com tanta raiva que tive vontade de dar um soco nele.
T. O que ele fez?
C. Ele é um filho da puta desumano.
T. O que ele fez?
...
Obs.: O cliente pode nunca ter aprendido a tatear comportamento com precisão.

O que são Tatos Metonímicos?
Em vez de tatear o comportamento, tateiam condições que o acompanham: Condições emocionais, inclinação comportamental do cliente. Isso para produzir Reforço Positivo: simpatia, apoio social ou para evitar o aversivo: desvia atenção da parte do cliente no problema. Quando a rede social do cliente deixa de reforçar seu “coitadismo”, ele pode procurar o terapeuta como fonte de reforço para isso.

Mentira também é um tato distorcido, como ela ocorre?

Freqüentemente ela é reforçada negativamente.Ex: se o terapeuta pressiona o cliente para dizer os comportamentos do chefe, ele pode emitir resposta com a forma de tatos específicos, mas sem controle pelos estímulos relevantes. O controle é pela presença do terapeuta e pela pergunta.

Por que o cliente mentiria para o terapeuta, dificultando que este lhe ajude?
O cliente pode não querer estar na terapia, pode ir coagido. O cliente pode não querer ajuda, mas sim atenção, aprovação, simpatia. Pode ter uma história muito forte de punição, neste sentido o reforço negativo para mentir é alto. Por isso é importante o terapeuta como audiência não punitiva.

A Negação também é um tato distorcido, dê um exemplo?
Uma jovem mulher com três crianças pequenas procura o terapeuta chocada porque seu marido a abandonou. Ela diz: eu pensava que nosso casamento era perfeito. Porém, observação do comportamento do homem como marido de outra teria produzido, nela própria, tatos muito diferentes. Os eventos negados têm um efeito emocional, que o cliente não reconhece como relacionado aos eventos. A motivação para a negação é a punição inerente a tatear um evento temido.

O que é um mando?
É uma resposta verbal seguida por reforçamento característico - comando, desmando.

Como é adquirido?
Operante modelado por reforço específico.É adquirido muito cedo na história de desenvolvimento típico.

Por que o ouvinte reforça o mando? (o que reforça o ouvinte?)1) Ordem – reforço negativo
2) Pedido – o ouvinte já está motivado a atender o falante
3) Súplica – gera uma disposição emocional para atender
4) Conselho – implica reforço positivo para o ouvinte atender
5) Advertência – implica reforço negativo para atender
É importante salientar que o mando envolve contingências sociais complexas em relações de Autoridade ou poder e Reciprocidade.

O que são mandos inapropriados?
Segundo S. Glenn (1983) o comportamento manipulativo é um comportamento verbal que parece tato, mas funciona como mando. Ele pode ser efetivo com muitos ouvintes não assertivos ou habilidosos: O ouvinte não tem a opção de dizer “não”. A punição para mandos diretos pode fortalecer mandos manipulativos. Comportamento manipulativo é aversivo para ouvintes e freqüentemente resulta em contracontrole. O manipulador pode passar a evitar o ouvinte que reage agressivamente e procurar outra audiência, ou pode tornar-se mais hábil em manipular. Stes mandos produzem perturbação nas relações interpessoais.
O Comportamento de exigir tem taxa elevada de mandos de atenção, ajuda, elogio, dinheiro, etc.
Aversivo para o ouvinte e desadaptativo para o exigente. Substitui um repertório de comportamento produtivo e produz contracontrole e respostas aversivas do ouvinte.
Um exigente habilidoso faz um “fading in” de mandos em uma nova situação interpessoal. Traz a exigência também para a terapia: me ajuda! (Torne o mundo novamente bom pra mim, AGORA!)

O que é Autoclítico?
È um operante verbal que modifica a resposta do ouvinte a outro operante verbal. Ou seja pode ter uma causalidade múltipla. Força de uma resposta pode ser (geralmente é) função de mais de uma variável. Ou uma resposta pode combinar funções de diversos operantes verbais: pode, por exemplo, ter funções de tato e mando. Por exemplo - Estou com fome.Uma única variável (usualmente) afeta mais de uma resposta.
Descrevem a condição emocional ou motivacional do falante, mas para afetar o ouvinte não tanto quanto às informações que os acompanham, mas para enfatizar sua relação pessoal com o falante: “Fico feliz em dizer que... / preciso lhe dizer / detesto dizer / (exemplos relativos p.316) dizer sobre o sentir. Tem uma “Função fática” – “E aí?”, “Alô” / para começar conversas – “Bem...” Essas partes são especialmente arranjadas numa frase quando alguém diz algo.Essas partes tornam-se variáveis controladoras das partes que as companham.“The term autoclitic is intended to suggest behavior which is based upon or depends upon other verbal behavior.” (Skinner,1957, p.315).“O termo autoclítico é empregado para sugerir comportamento que é baseado em ou depende de outro comportamento verbal.”(Skinner, 1957, p.315).

O que CATANIA diria aos cognitivistas?
“ As implicações práticas disso é que pode ser mais fácil mudar o comportamento humano modelando aquilo que alguém diz, do que modelando aquilo que esse alguém faz...“ As terapias que fazem referências à modificação do comportamento cognitivo, ou à eficácia cognitiva, dizem modificar o comportamento do cliente pela mudança de suas cognições, mas isso é feito, de um modo geral, pela mudança do comportamento verbal do cliente.” ( Catania, 1999, p. 283 ).
O presente trabalho escrito tem apenas uma função didática.

Copyright © 2008 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
----------------------------------------------------------------------------------
Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.
Endereço: Av. José de Souza Campos (Norte-Sul) n. 494
CEP: 13092-123. Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/.

sábado, 13 de dezembro de 2008

O que é Operação Estabelecedora, O que é motivação, O que é Operação Motivacional

1) O que é Operação Estabelecedora?
No comportamento operante o reforçador determina sua seleção e ocasiona a resposta. Para a ocorrência da resposta operante o estímulo reforçador deve ter valor como reforçador. Daí é a Operação Estabelecedora é o que torna um determinado estímulo reforçador efetivo. É o que altera o valor reforçador dos estímulos reforçadores. As operações estabelecedoras são as que modulam a efetividade de um determinado reforçador. Segundo Jack Michael “Um evento ambiental, operação ou condição de estímulo que afeta um organismo, alterando momentaneamente (a) a efetividade de outros eventos reforçadores e (b) a freqüência de ocorrência daquela parte do repertório do organismo relevante para aqueles eventos como conseqüências.O primeiro efeito pode ser chamado de estabelecedor do reforçador e o segundo evocativo.” (Michael, 1993, p.192)

2) A "falta ou privação de alimento é uma Operação Estabelecedora (OE)?
A privação de alimento é um exemplo de OE. “É uma operação estabelecedora que momentaneamente 1. aumenta a efetividade de alimento como uma forma de reforço.
2. evoca qualquer comportamento que tenha sido seguido pelo reforço alimento. Provavelmente, é melhor considerar este efeito evocativo como:
2.a. o resultado de um efeito direto da OE sobre tal comportamento, 2.b. um aumento na efetividade evocativa de todos os SDs para comportamento que tiver sido seguido pelo reforço alimento e 2.c. um aumento na freqüência de comportamento que tiver sido seguido por reforçadores condicionados cuja efetividade depende da privação de alimento.”
(Michael, 1993, p.193)

3) Existem quantos tipos de Operações Estabelecedoras e quais os nomes?
a) operações estabelecedoras incondicionadas (OEI)
a1)reforçadores incondicionados.
a2) reforçadores condicionados baseados sobre aqueles reforçadores incondicionados.

b) operações estabelecedoras condicionadas (OEC)
b1)reforçadores condicionados e incondicionados
Há três tipos básicos:
1) operações estabelecedoras condicionadas substitutas
2) operações estabelecedoras condicionadas reflexivas
3) operações estabelecedoras condicionadas transitivas
4) O que são Operações Estabelecedoras Incondicionadas (OEI)?
"Operações estabelecedoras incondicionadas são eventos, operações ou condições de estímulo que regulam a efetividade momentânea de reforçadores incondicionados (e também a efetividade momentânea de reforçadores condicionados baseados sobre aqueles reforçadores incondicionados).” (Michael, 1993, pp. 194, 196)
“Para todos os organismos há eventos, operações e condições de estímulo cujos efeitos estabelecedores do reforçador não são aprendidos. Eles dependem da história evolucionária da espécie e variam de espécie para espécie. Note que é o aspecto não aprendido do efeito estabelecedor do reforçador que faz com que uma OE seja classificada como incondicionada. O comportamento evocado pela OE é usualmente aprendido.” (Michael, 1993, pp. 194, 196)
Efeitos estabelecedores do reforçador não são aprendidos... dependem da história evolucionária da espécie ... é o aspecto não aprendido do efeito estabelecedor do reforçador que faz com que uma OE seja classificada como incondicionada..

5) Dê exemplos de Operações Estabelecedoras Incondicionadas?
A água é um SR incondicionado e a privação de água, sal e aumento da terapia são operações estabelecedoras. O alimento é um SR incondicionado e a privação, o odor são operações estabelecedoras. A temperatura ambiente é um SR incondicionado e a diminuição ou aumento temperatura são operações estabelecedoras.

6) O que são operações estabelecedoras condicionadas (OEC)?
“Formas comuns de reforçadores condicionados não requerem uma OE especial para sua efetividade; a OEI apropriada ao reforçador incondicionado relevante é suficiente. Em outras palavras, muitas formas de reforçadores aprendidos não requerem OEs aprendidas. Entretanto, há variáveis que alteram a efetividade de outros eventos, mas apenas como um resultado da história do organismo individual. Essas são operações estabelecedoras aprendidas ou condicionadas (OEC).” (Michael, 1993, p.198)

7) Não seria melhor dizer em Operação Motivacional?
“O termo estabelecedora implica apenas um aumento na efetividade de uma conseqüência como reforçador ou punidor, mas muitas variáveis motivadoras diminuem a efetividade de conseqüências.... Assim, analistas do comportamento poderiam considerar OA [operação abolidora] como referindo qualquer evento que diminua a efetividade de uma dada conseqüência, OE como referindo qualquer evento que aumente a efetividade de uma dada conseqüência e OM como um termo amplo que subsume OAs e OEs.” (Laraway, Snycerski, Michael e Poling, 2003, pp. 408-409)

Neste sentido, operações motivadoras (OM) é “um termo amplo” que inclui:
1. operações estabelecedoras (OE): “qualquer evento que aumente a efetividade de uma dada conseqüência”
2. operações abolidoras (OA): “qualquer evento que diminua a efetividade de uma dada conseqüência”(Laraway, Snycerski, Michael e Poling, 2003, pp. 408-409).
Copyright © 2008 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
----------------------------------------------------------------------------------
Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.Endereço: Av. José de Souza Campos (Norte-Sul) n. 494
CEP: 13092-123. Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/.
Fone: (19) 32941005 e (19) 32526513

O que é comportamento? Qual é o verdadeiro conceito de comportamento? Como se produz um comportamento?

1) O que é comportamento?
O comportamento deve ser visto como um aspecto constitutivo da espécie humana e como uma relação entre organismo e ambiente. O comportamento é sempre uma relação ou interação entre eventos ambientais (estímulos) e atividades de um organismo (respostas). A relação organismo-ambiente pode envolver uma situação aparentemente simples (por exemplo, lacrimejar ao descascar cebolas, abrir uma porta ao ouvir uma campainha) ou obviamente complexa (por exemplo, solucionar um problema, abstrair, conhecer a si mesmo).

2) Quais são os dois tipos de comportamento didaticamente entendidos?
No comportamento as relações envolvem: 1) Estímulos antecedentes e respostas (ESTÍMULO – RESPOSTA) conhecido como comportamento respondente.
2) Estímulos antecedentes, resposta e estímulos que seguem a resposta (ESTÍMULO – RESPOSTA – ESTÍMULO) conhecido como comportamento operante.

3) O Comportamento tem haver com a seleção natural?
O comportamento é selecionado pelas conseqüências, o ponto de partida disso é a teoria da seleção natural: Charles Darwin (1809-1882) e Alfred Wallace (1823-1913). Dois processos básicos precisaram ser entendidos para entender as diferenças entre espécies: produção de variação e seleção de algumas destas variações. Em 1858: Darwin e Wallace apresentam esboço da teoria na Linnean Society. Em 1859: Darwin publica “A origem das espécies”.
A teoria da seleção natural: “A teoria da seleção natural de Darwin é mais complexa que o lamarckismo porque requer dois processos separados em vez de uma força única. Ambas as teorias têm raízes no conceito de adaptação – a idéia de que os organismos respondem às mudanças ambientais desenvolvendo uma forma, função, ou comportamento mais adequado às novas circunstâncias. Assim, nas duas teorias, as informações do ambiente têm de ser transmitidas aos organismos. No lamarckismo a transmissão é direta. Um organismo dá-se conta da mudança ambiental. Responde a ela de maneira “correta” e passa diretamente à descendência a reação apropriada. O darwinismo, por outro lado, é um processo de duas fases em que as forças responsáveis pela variação e pela direção são diferentes.
Os darwinistas referem-se à primeira fase, à variação genética, como sendo “aleatória”. Trata-se de um termo infeliz, porque não queremos dizer aleatório no sentido matemático, de igualmente provável em todas as direções. Simplesmente entendemos que a variação ocorre sem orientação preferida nas direções adaptativas. ... A seleção, segunda fase, trabalha sobre variações não orientadas e muda a população, conferindo maior êxito reprodutivo às variantes favorecidas. Esta é a diferença essencial entre lamarckismo e darwinismo, já que o lamarckismo é fundamentalmente uma teoria de variação dirigida. ... a variação é dirigida automaticamente para a adaptação e nenhuma força secundária como a seleção natural é necessária.
(Gould, 1989, pp. 67, 68).
Neste sentido o comportamento pode ocorrer a partir dos processos básicos:
1) variação: randômica (Sem direção determinada. “deve ser pequena em relação à extensão da mudança evolucionária.” (Gould, 1992, p.12)). Que ocorre a partir de um longo processo antes que se identifique grandes mudanças evolucionárias.
2) seleção: relação consistente entre uma dada característica do organismo e sobrevivência / habilidade acasalamento. Tal característica deve ser passível de ser geneticamente transmitida.
O modelo causal de seleção por conseqüências é elaborado a partir da teoria da seleção natural.

4) A história filogenética é necessária para se entender o comportamento?
A história filogenética é um dos determinantes do comportamento.
“... A evolução orgânica explica a existência de processos comportamentais que são parte da dotação genética da espécie humana – nossa filogênese.” (Glenn e Field, 1994, p.241). Para Skinner (1987) duas perguntas dirigem a investigação sobre os determinantes filogenéticos:
Qual a origem dos padrões fixos (comportamento inato) de comportamentos?
Qual a origem dos processos que possibilitam mudanças comportamentais?
Em ambos os casos, supõe-se uma história de seleção.

5) Há alguma relação entre filogênese e comportamento?
A filogênese e comportamento envolvem: a) Padrões fixos: simples movimento, sensação, tropismos, reflexos, padrões fixos de ação / reações em cadeia.
B) Processos comportamentais: imitação e modelações filogenéticas, condicionamento respondente e operante.

6) Qual a função do condicionamento respondente e operante?
O condicionamento respondente prepara o organismo para reagir a um “ambiente ao qual apenas o indivíduo é exposto” (Skinner, 1987, p.69)

O condicionamento operante “novas respostas podem ser fortalecidas (reforçadas) por eventos que as seguem imediatamente” (Skinner, 1987, p. 52)

7) E a história ontogenética é importante para o comportamento?
O comportamento tem como modelo causal de seleção por conseqüências a história ontogenética. “Condicionamento operante é um segundo tipo de seleção por consequências.” (Skinner, 1987, p. 52). A história ontogenética envolve:
a) Suscetibilidade a reforçadores primários
b) Suscetibilidade a reforçadores condicionados
c) Comportamento não comprometido com estímulos liberadores ou eliciadores.
E possibilita:
a) imitação e modelação operantes
b) controle operante de respostas vocais

8) E a cultura tem algo haver com comportamento?
O comportamento tem como modelo causal de seleção por conseqüências a história cultural. Segundo Skinner “O processo possivelmente começou no nível do indivíduo. Uma maneira melhor de fazer uma ferramenta, de produzir alimentos, ou de ensinar uma criança é reforçada por sua conseqüência: a ferramenta, o alimento ou um ajudante útil, respectivamente. Uma cultura evolui quando práticas que se originaram desta maneira contribuem para o sucesso do grupo praticante na solução de seus problemas. É o efeito sobre o grupo, não conseqüências reforçadoras para membros individuais que é responsável pela evolução da cultura." (Skinner, 1987, p.54)

9) Pensando neste sentido, então cada nível de seleção corresponde a um ‘produto’?
“Os termos que usamos para designar o indivíduo que se comportam dependem do tipo de seleção. Seleção natural nos dá o organismo, condicionamento operante nos dá a pessoa e ... A evolução de culturas nos dá o self." (Skinner, 1989, p.28).
As diferentes disciplinas enfatizam distintos níveis de seleção: “Toda a história será finalmente contada pela ação conjunta das ciências da genética, comportamento e cultura” (Skinner, 1989, p.56)
Portanto as causas do comportamento envolvem três histórias distintas: A história da espécie, do indivíduo e da cultura. E que deve ser considerado a distância temporal entre a seleção e os efeitos da seleção e a distinção entre os produtos dos três níveis de seleção e os processos que originam tais produtos.

“Uma análise científica do comportamento deve, eu creio, assumir que o comportamento de uma pessoa é controlado por suas histórias genética e ambiental e não pela própria pessoa como um agente criativo, iniciador, mas nenhum aspecto da posição behaviorista originou objeções mais violentas.” (Skinner, 1974, p.189).




Para saber mais e aprofundar:
O professor Carlos Eduardo Lopes tem um artigo na RBTCC (Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva) que detalha o conceito de comportamento de forma bastante didática e coerente. Vale a pena conferir.
Uma proposta de definição de comportamento no behaviorismo radical -
A proposal of definition of behavior in radical behaviorism
Carlos Eduardo Lopes - Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos. Professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – campus de Paranaíba (UFMS/CPAR).
Resumo: O objetivo deste ensaio é construir uma definição de comportamento no Behaviorismo Radical. Defende-se que tal definição de comportamento deve levar em consideração (1) os compromissos filosóficos do Behaviorismo Radical, (2) o aspecto dinâmico do comportamento, e (3) a articulação entre eventos, estados e processos. Partindo de uma interpretação relacional do Behaviorismo Radical, o presente ensaio defende que o comportamento pode ser entendido como uma relação organismo-ambiente, cuja dinâmica é uma coordenação sensório-motora. Como resultado dessa dinâmica, temos um fluxo comportamental que pode ser analisado em termos de uma relação de interdependência entre eventos ambientais, eventos comportamentais, estados comportamentais e processos comportamentais.
Palavras-chave: Behaviorismo radical, Análise do comportamento, Interpretação relacional,
Conceito de comportamento.
Copyright © 2008 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
----------------------------------------------------------------------------------
Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.
Endereço: Av. José de Souza Campos (Norte-Sul) n. 494
CEP: 13092-123. Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/.
Fone: (19) 32941005 e (19) 32526513

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Psicoterapia Infantil, terapia infantil, terapia para crianças

1) A psicoterapia faz uso de atividades lúdicas mas não é ludoterapia. As atividades lúdicas envolvem objetivos claros. Serve como Operação Estabelecedora (Operação Motivacional), como atividade com efeito Premack, como estimúlo reforçador etc.
Para alguns autores brincar permite que se trabalhe com diversos aspectos relevantes, a depender das características de cada caso(de Rose, J.C.; Gil, M.E.C. de A ., 2003). O brincar:
• Amplia e refina o repertório verbal na qualidade de ouvinte e de falante.
• Desenvolve o repertório de seguir instruções.
• Amplia as possibilidades de a criança intervir no meio.
• Modela Rs semelhantes às utilizadas em situações futuras e/ou no mundo adulto, incluindo repertórios sociais.

2) Tem contato com a orientadora pedagógica e com a escola para obter informações e poder até orientar os professores da criança.

3) Uso de atividades que envolvam a elaboração de histórias, desenhos, quadrinhos, fantasias, fantoches, dramatizações, entrevistas, leitura de histórias clássicos infantis, literatura contemporânea ou histórias elaboradas pelo psicólogo ou cliente.
A terapia comportamental acredita que a orientação aos pais é primordial para ajudar na tratamento do menino(a). Por isso o papel do atendimento de pais na terapia infantil envolve:

1) Coleta de informações:
- Queixa atual; histórico do “problema”.
- Atribuições feitas pelos membros da família e pela criança.
- Tentativas de solução.
- Desenvolvimento da criança (repertórios motores, cognitivos, sociais etc).
- Hábitos, rotina, valores e práticas familiares.
- Pesquisa de fatos “marcantes”.
- Histórico escolar.

2) Monitoramento do processo psicoterápico.
3) “Treinar” os pais em análise funcional:
- Comportamentos: próprios, filhos, professores etc.
- Identificação de contingências controladoras dos comportamentos-alvo, alternativos e incompatíveis (hipóteses).
- Planejamento para teste/ alteração de contingências.
- Implementação: dificuldades, adaptações, resultados.
- Manutenção e generalização.
- Prevenção.

4) Desenvolvimento de comportamentos desejáveis através de consequenciação direta:
- Refinar habilidades de observação.
- Aprimorar / instalar habilidades de comunicação.
- Aprimoramento do controle de estímulos (respostas e variáveis ambientais relevantes).
- Mediação de conflitos / tomada de decisão.

5) Sessões conjuntas.
Copyright © 2008 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
----------------------------------------------------------------------------------
Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.
É também colaborador no cursinho pré-vestibular Oficina do Estudante.
Endereço da clínica: Rua Antônio Arruda Camargo, 195 (esta rua é paralela a Norte-Sul atrás do Burger King) CEP: 13092-170.Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/. Fone: (19) 32941005 e (19) 32526513.

Conceitos de Psicologia, vocabulário do behaviorismo

Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.
Endereço: Av. José de Souza Campos (Norte-Sul) n. 494
CEP: 13092-123. Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/.
Fone: (19) 32941005 e (19) 32526513.

A

Altruísmo -
O comportamento altruísta é um comportamento operante, é um comportamento selecionado por suas conseqüências. É um comportamento que é produto da união entre as contingências: de sobrevivência, responsáveis pela seleção natural das espécies, de reforçamento, responsáveis pelos repertórios adquiridos por seus membros e, por fim, as contingências especiais mantidas por um ambiente social evoluído. Portanto, depende das contingências de reforçamento em vigor para cada indivíduo.
Para Skinner, o indivíduo se comporta para o bem do outro quando está inserido em contingências de reforçamento planejadas e mantidas por outras pessoas para tal fim. Este comportamento pode ser observado em duas circunstâncias: quando a pessoa que se comporta altruisticamente está envolvida em alguma relação com outras pessoas, de forma que estas eventualmente lhe darão um retorno; ou, quando terceiros administram a situação de forma que o comportamento altruísta venha a ser reforçado.
A Sociobiologia e a Análise do Comportamento: A Sociobiologia e a Análise do Comportamento são semelhantes no que diz respeito: “O verdadeiro altruísmo sem a possibilidade de ganho não pode existir”. Ambas abordagens tem um consenso contra o senso comum que acredita que a função do altruísmo é de ajudar sem querer nada em troca. “Bom, Samaritano, Generoso, Filantrópico”.
Segundo o sociobiólogo Edward Osborn Wilson, o altruísmo é derivado da genética. Neste sentido um organismo geneticamente propenso ao altruísmo, por exemplo, poderia ter ganhos maiores se o ambiente fosse propenso a isso. Para outro teórico da mesma linha de pensamento chamado Trivers os sentimentos como compaixão seriam influenciados por fator genético. Para outros sociobiólogos a influência da cultura é diminuída, mas não eliminada. A cultura – fator ambiental que afeta a maneira como serão expressos os genes.Sobre as diferenças: A sociobiologia busca predizer os comportamentos que são prováveis de evoluírem de uma geração para outra (geneticamente). A teoria comportamental busca predizer o comportamento de organismos sobre determinadas condições. Na análise do comportamento por exemplo o comportamento altruísta depende das contingências de reforçamento.
Atenção - Ver comportamento de Observação.

B

C

Comportamento -
1) Comportamento é sempre uma relação ou interação entre eventos ambientais (estímulos) e atividades de um organismo (respostas). A relação organismo-ambiente pode envolver uma situação aparentemente simples (por exemplo, lacrimejar ao descascar cebolas, abrir uma porta ao ouvir uma campainha) ou obviamente complexa (por exemplo, solucionar um problema, abstrair, conhecer a si mesmo).

Comportamento verbal -
A linguagem é vista para Skinner como comportamento. Ele chama isso de Comportamento Verbal. Assim como outros comportamentos este comportamento também é Operante. O Comportamento Verbal é um comportamento social. Neste sentido o comportamento verbal é essencialmente definido pelo efeito sobre o comportamento do outro e, portanto pelo seu caráter relacional, no caso, uma relação social. Pode-se dizer que o comportamento verbal é basicamente uma relação entre o ambiente social, representado pelo outro, o ouvinte, e um organismo vivo, o emitente. O ouvinte atua como um estímulo discriminativo na presença do qual verbalizações ocorrem. E o estímulo reforçador é mediado pelo comportamento de um ouvinte. Estas verbalizações, atuando agora como discriminativos para o ouvinte, afetam o comportamento deste. Estes efeitos sobre o comportamento do ouvinte atuam seletivamente sobre aquela classe de operante verbais do emitente, modificando-a. Como se depreende desta análise, não existem elementos topográficos na definição do comportamento verbal, ele é interação pura. Deste modo o comportamento verbal é visto como um caráter funcional.
Criatividade -
Segundo alguns pesquisadores da área ao se falar de criatividade está se falando, na verdade, de comportamento criativo. Um possível consenso parece existir na noção de que o termo criatividade envolve, ao menos, o requisito de novidade (novo/original), ou diferença em relação ao que ocorreu anteriormente (Holman, Goetz & Baer, 1977; Stokes, 1999b; Winston & Baker, 1985)” (Hunziker, 2006).
Um outro critério é a história de reforço (Baum 1999). Ao longo da vida de um pintor, por exemplo pintar quadros foi mantido por reforço, pelo menos ocasional (elogio, aprovação, dinheiro), por parte de pessoas que faziam parte de seu meio. A atividade de pintar é um comportamento operante e, como qualquer outro operante, modelado por sua história de reforço.
Apesar do requisito da novidade ser um consenso na caracterização da criatividade, o fato de “ser novo” não basta para caracterizar um comportamento como “criativo”. De uma maneira geral, a criatividade está relacionada a critérios sócio-culturais que nem sempre atingem um consenso. Por exemplo, para ser criativo, algumas vezes exige-se que o comportamento atenda a um objetivo especificado (seja útil), outras que agregue um valor estético adotado pela cultura, outras ainda que solucione um problema (seja funcional), entre outros (Winston & Baker, 1985) (Hunziker, 2006).
Neste sentido a característica de ser novo/original/criativo não é propriedade do comportamento, mas sim é uma propriedade fornecida pelos referentes aos quais ele está sendo comparado, dentro de um universo particular. Ou seja, a caracterização do comportamento como criativo é mutante e relativa, o que torna a sua análise bastante complexa”. (Hunziker, 2006, p. 157).

Condicionamento Operante -
Que “novas respostas podem ser fortalecidas (reforçadas) por eventos que as seguem imediatamente ” (Skinner, 1987, p. 52)
Condicionamento Respondente -
É o que prepara o organismo para reagir a um “ambiente ao qual apenas o indivíduo é exposto” (Skinner, 1987, p.69)
a) Condicionamento respondente e sua relação com o "equilibrio fisiológico do organismo".
Os reflexos, condicionados ou não, referem-se principalmente à fisiologia interna do organismo (Equilíbrio do organismo) e que produz a sensação de “bem estar” comportamental. Um parceiro sexual masculino (de cueca) para uma mulher heterossexual é um estímulo condicionado que elicia uma resposta condicionada de excitação sexual (leve lubrificação vaginal) devido ao pareamento respondente que ocorreu as sucessivas relações sexuais. No início, o estímulo incondicionado (membro sexual masculino) eliciava a resposta incondicionada de lubrificação vaginal. O estímulo incondicionado é pareado com o estímulo neutro (sujeito de cueca) que a partir de agora elicia a resposta condicionada de lubrificação vaginal. Esta lubrificação antecipada colabora mais com uma relação sexual mais saudável (sem atrito) o que mantém o organismo do indivíduo em homeostase fisiológica.
b) Condicionamento respondente e sua relação com o sistema imunológico.
O Sistema imunológico é afetado por condicionamentos respondentes. Há diversos trabalhos que investigam isso. No trabalho de Boudjerg e colaboradores publicado1990 as mulheres que receberam quimioterapia para câncer no ovário apresentavam os seguintes respostas incondicionados: náusea e diminuição da resposta imunológica. Freqüentemente, elas apresentam náusea também no ambiente da quimioterapia, ao ouvirem a voz dos enfermeiros e eventualmente só de pensarem no tratamento. A voz do enfermeiro no ambiente da quimioterapia tornou-se um estimulo condicionado. Logo, há a hipótese de que essas pacientes também apresentam imunossupressão condicionada apenas por ouvirem a voz do enfermeiro na sala de quimioterapia mesmo antes da quimioterapia propriamente dita.
Comportamento de Observação -
O comportamento de observação é um comportamento operante cujas conseqüências controladoras são estímulos discriminativos das contingências em vigor. As respostas de observação envolve todos os sentidos do corpo (tato, visão, audição, paldar). Este é um modelo comportamental de atenção.
Resposta de observação (não é um encadeamento, tem que vir na vertical) = Sd (estímulo reforçador condicionado) – resposta – estímulo reforçador (positivo ou negativo).
Esta resposta envolve um treino discriminativo e faz com que os eventos posteriormente não sejam ignorados.
Um cliente que tende a falar dos defeitos alheios. Comportamentalmente é um indivíduo que possui um comportamento de observação voltado aos defeitos alheios. Cujos estímulos tornaram se estímulos condicionados e discriminativos que foram reforçados no passado. Provavelmente na sua história de vida seus pais apontavam os defeitos alheios ao menino. Quando ele conseguia discriminar e falava para os pais, estes reforçavam seu comportamento. Os pais também o criticavam. A partir deste treino discriminativo ao longo da sua história ele agora tem um comportamento de observação voltado aos problemas dos outros e não fica sob controle do que as pessoas tem de melhor.
Para enfraquecer este comportamento o terapeuta poderia extinguir tais comportamentos ou punir brandamente. Toda vez que o cliente relatasse algum defeito de alguém o terapeuta ficaria imóvel (extinção) ou mudaria de assunto (punição negativa), por exemplo. Com o passar do tempo este estímulo (defeito) perderia sua função discriminativa e condicionada.
Para fortalecer este comportamento desadaptado é necessário apenas reforçar este comportamento. Toda vez que ele fazer uma crítica a alguma coisa, ou falar de algum defeito de outrem e em seguida ser consequenciado positivamente.

D

Desamparo Aprendido -
a) Desamparo aprendido como efeito comportamental e como interpretação do efeito.
Efeito comportamental é a dificuldade de aprendizagem em função da exposição prévia a eventos de estímulos incontroláveis. A Interpretação do efeito é uma interpretação teórica. Há duas hipóteses do Desamparo Aprendido: A original, que é uma hipótese mentalista dos pesquisadores Seligman & Maier dizem que a “expectativa” (de ausência de controle) é a principal. Que envolve uma condição circular e processos inferidos. O ponto conflitante disto está no pressuposto predominante de que o ser humano é essencialmente distinto do restante dos animais em função de que apenas ele tem, além do corpo, a mente. Esse dualismo mente/corpo justifica que a maior pane das diferentes correntes teóricas dentro da Psicologia estabeleça a mente como seu objeto de estudo ou, ao menos, como a variável crítica que intermedia todos os comportamentos humanos. Assim, se se considera que o comportamento humano é determinado pela mente, e se a mente é própria do Homem, a proposição de modelos animais de psicopatologias se torna absurda pois seria estar buscando em animais processos que são próprios do ser humano. O desamparo aprendido foi proposto como modelo animal de depressão há quase duas décadas sendo desde então bastante utilizado em diferentes tipos de pesquisa. Embora o estudo do desamparo tenha se originado de investigações voltadas para a análise de interações entre contingências respondentes e operantes, a partir da sua associação com a depressão ele passou a ser amplamente utilizado como um modelo para o teste de drogas e alterações bioquímicas, ficando a análise funcional desse comportamento relegada a segundo plano. Esse abandono da análise funcional do desamparo reduziu o potencial de contribuição desses estudos para a compreensão do comportamento em geral, e da possível similaridade do desamparo com a depressão humana. Diferentes formulações teóricas foram apresentadas para explicar o desamparo, sendo que a maioria delas propõe que a experiência com os choques incontroláveis tem como efeito principal tornar o sujeito menos ativo. Essa inatividade pode ser aprendida através de contingências acidentais supostamente presentes na condição de incontrolabilidade, ou pode ser decorrente da depleção de alguns neurotransmissores cerebrais que reduziria a atividade motora do sujeito. Aprendida ou imposta bioquimicamente, a inatividade teria como conseqüência dificultar a inicializacão da resposta de teste, reduzindo o contato do sujeito com a contingência operante.Em suma, essas hipóteses sugerem que a dificuldade de aprendizagem operante observada nesses estudos é meramente um subproduto da baixa atividade locomotora dos animais e não um processo de aprendizagem em si.
Já a segunda hipótese é a da Análise do Comportamento que é uma visão monista do indivíduo que consiste na dificuldade de aprendizagem em função da experiência prévia com estímulos incontroláveis. Portanto, sem deixar de levar em conta as profundas diferenças existentes entre as espécies, esse posicionamento monista - minoritário, mas também integrante do pensamento psicológico - permite que se busquem em animais alguns dos processos básicos do comportamento humano. É a partir desse referencial filosófico que se justifica a proposição de modelos animais de psicopatologias.

b) Dados experimentais que mostram a similaridade do desamparo com a depressão humana.
1) Processos de redução do valor reforçador. No estudo experimental da depressão a pessoa deprimida sofre basicamente da falta de reforçadores e são analisados os processos que reduzem o valor reforçador dos estímulos disponíveis e as condições de vida que limitam o acesso a esses reforçadores. Similarmente o estudo dodesamparo aprendido analisa os processos que reduzem o valor reforçador dos estímulos disponíveis. Por tanto em ambos os estímulos reforçadores tem uma redução na sua eficácia.

2) Alterações neuroquímicas. Tanto na depressão quanto no desamparo aprendido há uma alteração de neurotransmissores. As pesquisas revelam que ocorre uma depleção em ambos casos de Noradrenalina(NA), Dopamina(DA) e Serotonina (5-HT) e ocorre uma liberação maior de endorfinas.

3) Tratamento. Em um experimento do Graeff e da professora Hunziker de 1988 eles adminstraram drogas antidepressivas e alteraram os indivíduos que estavam em desamparo aprendido. A Imipramina (1 mg/kg) que é uma droga antidepressiva da classe dos antidepressivos tricíclicos foi administrada e aumentou a atividade da Noradrenalina no cérebro dos indivíduos que estavam em desamparo aprendido e modificaram o comportamento de desamparo nestes animais. Este medicamento é usado para tratar humanos depressivos e altera também o comportamento de desamparo aprendido indicando com isso uma mesma circuitaria cerebral similar.

E

F

G

H

I

J

K

L

M

Mentira -
A mentira têm o efeito de alterar o controle de estímulos sobre o comportamento verbal do ouvinte, enfraquecendo a relação dos tatos com os estímulos do ambiente e produz cadeias de intraverbais que, em vez de contribuir para uma descrição correta da situação, fazendo o ouvinte distorcer a “realidade”. Neste sentido o falante pode mentir devido a contingências aversivas. O indivíduo pode não querer estar em uma situação, por estar coagido (contingência coercitiva). E por isso mentir pode ser mais adaptado a situação. Esse sujeito pode ter uma história muito forte de punição. Neste sentido o reforço negativo para mentir tem alta probabilidade de ocorrer. A função deste comportamento frequentemente é produzir atenção, aprovação ou simpatia de outrem.

N

O

Operantes verbais -
Relações entre operantes verbais e não verbais com coerência e incoerência.
Há a coerência entre comportamento verbal e não verbal como produto de formação de relações de equivalência. A partir de reforçamentos da seqüência falar-fazer-falar, concomitantemente com regras que culminam na resposta verbal e não verbal do sentir que entram na mesma classe de equivalência. Uma das explicações para as correspondências entre comportamento verbal e não verbal é que elas acontecem por causa das relações bidirecionais entre o nosso próprio comportamento e as palavras que tateiam aquele comportamento (como na nomeação). Procedimentos que afetam um podem produzir mudanças no outro. Neste sentido o sentir pode estar ocorrendo junto e fazer parte da classe. Para Dougher: “é sentir o dizer”. E o aprendizado de tatos é, portanto, importante para o aprendizado de correspondência verbal e não verbal. A freqüência com a qual o ouvinte se engaja em uma ação efetiva em resposta ao comportamento na forma de tato vai depender da extensão e acurácia do controle de estímulo no comportamento do falante... a “ crença” do ouvinte na honestidade do falante- na correspondência verbal e não verbal etc...”.
Por outro lado há conseqüências especiais que distorcem o tato:
a) Um Estímulo Discriminativo (Perdeu a moeda) e uma Resposta Verbal (“Perdi minha moeda”) e o Estímulo Reforçador Específico (Ouvinte dá moeda à criança) vai fortalecer este comportamento verbal inadequado.
b) Um Estímulo Discriminativo como a audiência (não perdeu a Moeda) e a Resposta verbal (Perdi minha moeda). Neste caso se houver o reforçamento específico, reforça-se o tato distorcido, dando-lhe a função de mando.

Ver Comportamento verbal

P

Q

R

Resiliência -

O dicionário de língua portuguesa, o Novo Aurélio, diz que, na Física, resiliência “é a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica”. No sentido figurado, o mesmo dicionário aponta o termo como “resistência ao choque”. O dicionário de língua inglesa Longman Dictionary of Contemporary English de 1995 oferece duas definições de resiliência, sendo a primeira: “habilidade de voltar rapidamente para o seu usual estado de saúde ou de espírito depois de passar por doenças, dificuldades etc.: resiliência de caráter”1.
A segunda explicação para o termo encontrada no mesmo dicionário afirma que resiliência “é a habilidade de uma substância retornar à sua forma original quando a pressão é removida: flexibilidade”2.
Como se pode ver, os dois dicionários apontam para conceituações semelhantes e ao mesmo tempo divergentes, pois no dicionário de português a referência é feita apenas à resiliência de materiais. É importante notar que é um termo emprestado da física e que somente em 1960, Frederic Flac, estudando sua historia de vida e de outros que haviam superado grandes adversidades, passou a empregá-lo para o ser humano.
No sentido figurado, nada é especificamente claro para a compreensão do que seja a resiliência quando se trata de pessoas. Já o dicionário de inglês confirma a prioridade ou maior familiaridade para o uso do termo em fenômenos humanos, apontando em primeiro plano a definição neste sentido.
Resiliência é freqüentemente referida por processos que explicam a “superação” de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações. Por tratar-se de um conceito relativamente novo no campo da Psicologia, a resiliência vem sendo bastante discutida do ponto de vista teórico e metodológico pela comunidade científica. Alguns estudiosos reconhecem a resiliência como um fenômeno comum e presente no desenvolvimento de qualquer ser humano, e outros enfatizam a necessidade de cautela no uso “naturalizado” do termo.
Na língua portuguesa, a palavra resiliência, aplicada às ciências sociais e humanas, vem sendo utilizada há poucos anos. Neste sentido, seu uso no Brasil ainda se restringe a um grupo bastante limitado de pessoas de alguns círculos acadêmicos. Muitos profissionais da área da Psicologia, da Sociologia ou da Educação nunca tiveram contato com a palavra e desconhecem seu uso formal ou informal, bem como sua aplicação em qualquer das áreas da ciência. Por outro lado, profissionais das áreas da Engenharia, Ecologia e Física, e até mesmo da Odontologia, revelam certa familiaridade com a palavra, quando ela se refere à resistência de materiais. Nos diferentes países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, a palavra resiliência vem sendo utilizada com freqüência, não só por profissionais das ciências sociais e humanas, mas também em referências da mídia a pessoas, lugares, ações e coisas em geral.
A intervenção do psicoterapeuta comportamental para melhorar a resiliência do indivíduo envolve:
1) Desenvolver repertórios adequados para lidar com situações estressantes.
2) Desenvolver repertório social com a função de aumento nos níveis de apoio social.
3) Ensinar o indivíduo a capacidade de previsão a partir da análise funcional.
4) Desenvolvimento de tolerância a frustração do indivíduo.
5) Aumento da variabilidade comportamental.
6) Incentivar a prática de lazer, atividade física e alimentação adequada em horários regulares.
7) Informar sobre a higiene do sono e de outros recursos para ter um sono adequado
Portanto, o individuo que possui resiliência desenvolve a capacidade de recuperar-se e moldar-se novamente a cada obstáculo. E, essa qualidade pode ser desenvolvida e/ou aprendida.

S

T

U

V

Variabilidade Basal (Induzida) -
A Variabilidade Comportamental Basal (Induzida) è aquela variabilidade que não é exigida para a liberação do reforço, mas é permitida (ou seja, não há conseqüenciação da variação). A variação do comportamento é decorrente geralmente da extinção de estímulos reforçadores ou de esquemas de razão variável.
a) Na Extinção: Em um experimento de Antonitis (1951) ratos foram submetidos a 3 condições experimentais:
1) nível operante; 2) reforçamento contínuo (CRF) da resposta de tocar uma barra com o focinho; 3) extinção.
Barra (com 50 cm de comprimento) era dividida em 50 segmentos de 1 cm, sendo registrado em qual dos segmentos o sujeito tocava a barra com o focinho. A variabilidade não foi exigida em nenhuma das fases, apenas mensurada em relação à localização linear das respostas na barra, considerando-se a sua dispersão em relação a um valor central.
Os resultados encontrados foram: 1) no CRF houve um decréscimo da variabilidade em comparação ao obtido no nível operante; 2) na fase de extinção existiu uma maior variabilidade do que no CRF e no nível operante.
Conclusão: Os dados mostraram um aumento dos níveis de variabilidade como subproduto do processo de extinção.
b) No Reforçamento Intermitente: Em um experimento de Eckerman & Lanson (1969). Não apenas a extinção, mas os esquemas de reforçamento parcial (no caso, esquemas de intervalo variável, VI), induziram, por si só, variabilidade no comportamento.
Pombos foram colocados caixa com 20 chaves de respostas arranjadas horizontalmente, de forma que uma bicada em cada uma das chaves era registrada como uma resposta.
Experimento 1: 5 sessões CRF/Ext/CRF/Ext/CRF.
Experimento 3 (Novos sujeitos): 6 sessões CRF/14 sessões VI 3min.
Variabilidade era considerada sobre a maior distribuição das respostas pelas 20 chaves disponíveis.
Resultados: Queda na variabilidade durante o CRF e aumento no período de extinção (experimento 1) e durante o esquema de intervalo variável (experimento 3).
Conclusão: 1) Houve replicação de Antonitis (1951) em relação à extinção. 2) Variabilidade aumenta também durante o reforçamento intermitente.
A Variabilidade Operante (Aprendida) -
A Variabilidade Operante (Aprendida) é analisada se o reforço liberado for contingente à variação do comportamento e produzir um aumento da frequência da resposta de variar.
Em uma pesquisa Pryor, Haag & O’Reilly (1969) utilizou o procedimento de Reforçamento da Novidade (Variar).
Golfinhos eram reforçados apenas se emitissem comportamentos (por exemplo, saltos) topograficamente diferentes dos anteriormente apresentados. Resultados: Os golfinhos apresentaram muitos comportamentos e até nunca vistos na espécie.Por outro lado muitas críticas em relação a essa metodologia foram feitas (Neuringer 2002): uma enorme quantidade de comportamentos novos observados atrapalhou o critério de reforçamento para uma “nova” resposta. Neuringer propoz melhores métodos para pesquisar a variabilidade operante.

W

X

Y

Z

Siglas, abreviações,

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Livros behavioristas recomendados para ler

"Questões Recentes na Análise Comportamental", B. F. SkinnerEd. Papirus, 1991.
__________________________________________________________________

"Princípios Básicos de Análise do Comportamento". Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Medeiros, Ed. Artes Médicas.

____________________________________________________________

“Para além da liberdade e da dignidade”, de B. F. Skinner. É um livro escrito com linguagem bastante acessível.
__________________________________________________________________



"Sobre o Behaviorismo", B. F. Skinner. Ed. Cultrix.

_____________________________________________________________
"Ciência e Comportamento", B. F. Skinner. Ed. Martins Fontes. Esta edição é a mais recente. O editor foi infeliz com a capa.

____________________________________________________________
"Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cognição", Charles Catania, Ed. Artes Médicas.

Este livro foi traduzido pela excelente pesquisadora e professora Daisy da UFSCAR.
___________________________________________________________


"Compreender o Behaviorismo", William Baum. Ed. Artes Médicas. É um livro que explica o que é o Behaviorismo Radical e de fácil entendimento e que não deixa de ser aprofundado.
___________________________________________________________________

Análise do comportamento: pesquisa, teoria e aplicaçãoAutor(a): Josele Abreu-Rodrigues e Michela Rodrigues Ribeiro (orgs.) ed. - Porto Alegre - ARTMED - 2005 - 304 p.

___________________________________________________________________

Copyright © 2008 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
----------------------------------------------------------------------------------
Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.Endereço: Av. José de Souza Campos (Norte-Sul) n. 494
CEP: 13092-123. Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/.
Fone: (19) 32941005 e (19) 32526513.




Conceitos sobre evolução, filogenia, origem das espécies, seleção natural etc.

“A reprodução de um ser vivo em outro, crescendo e se multiplicando milhares de vezes, faz com que aconteçam mudanças (mutações ou variações) ao longo de muitos anos”.


Seleção Natural, Charles Darwin



Evolução – Introdução e Histórico dos Estudos

Introdução
Somente a partir da década de 1930 pontos conflituosos deram lugar a idéias capazes de explicar a evolução de maneira mais geral.
Diante das diferenças entre indivíduos da mesma espécie que ocupam áreas distintas e das semelhanças entre espécies diferentes, é possível observar padrões comuns a todas as espécies.
Um dos obstáculos para a evolução no início do século era o relativo desconhecimento sobre a genética e a biologia molecular; isso já não representa obstáculo hoje em dia, mas uma dificuldade que se mantém é a de que a evolução não pode ser experimentada em laboratório, já que demora muitas gerações e depende de condições muito especiais; as evidências permitem a explicação do passado, mas a ausência de experimentação não permite a previsão do futuro.
Ao colocar a espécie humana no mesmo patamar de todas as outras, a teoria da evolução gera atritos com preceitos religiosos.
As idéias erradas sobre a origem da biodiversidade são devidas à necessidade natural e histórica de classificação biológica; porém, o entendimento da evolução depende do conhecimento de seus complexos mecanismos e também da genética e sua interação com os fatores ambientais; por isso é difícil corrigir da população leiga sua visão tão popular e enviesada.

Teorias fixistas

Carlos Linneu, ( 1707-1778 )

• Dedicado à botânica e à física, tem como grande contribuição a criação da taxonomia, ciência que trata da classificação dos seres vivos.
• “Systema Naturae”;
• Fixista ( número de espécies existentes são os mesmos desde a sua criação );
• Geração espontânea;



INÍCIO DAS TEORIAS TRANSFORMISTAS
1) Erasmus Darwin (1731-1802) - Avô de Charles Darwin, publicou o livro Zoonomia ou Leis da vida orgânica (1794-1796) onde assinalou que a variação do ambiente provoca uma resposta do organismo (estrutura de um órgão). Portanto os animais se transformavam pelo hábito provocado pelas necessidades. Em suma, Erasmus Darwin acreditava na herança de caracteres adquiridos, e com essa crença produziu o que decerto era uma emergente teoria de evolução, embora, de fato, ainda deixasse muitas questões sem resposta.







2) Jean Baptiste de Monet - Cavaleiro de Lamarck (1744-1829) - Os trabalhos mais conhecidos de Lamarck são a Filosofia Zoológica (1809) e os sete volumes da História Natural dos animais invertebrados (1815-1822). (Foi Lamarck que introduziu a valiosa classificação de Vertebrados e Invertebrados). Sob o ponto de vista evolutivo afirmou que:
· Um ambiente em mudança altera as necessidades de um organismo que responde alterando seu comportamento usando mais alguns órgãos do que outros.
· Uso e Desuso alteram a morfologia que é transmitida para a geração seguinte (Herança dos caracteres adquiridos)
• Zoologista e botânico francês, nascido em Bazantin, um dos pioneiros na formulação das teorias da evolução biológica.
• Filosofia Zoológica (1809)
• Leis:
1. Adaptação ao meio;
2. Lei do Uso e desuso;
3. Hereditariedade dos caracteres adquiridos.
As idéias de lamarck
Apesar de errada, a idéia do biólogo francês Lamarck (1809) é comumente citada por leigos por ser fácil de ser entendida.
Lamarck baseou sua teoria em duas suposições: Lei do uso e desuso → quanto mais uma parte do organismo é usada, mais ela se desenvolve e quanto mais uma parte não é usada, mais ela se atrofia; e Lei da herança dos caracteres adquiridos → as alterações devidas à Lei do uso e desuso são transmitidas aos descendentes.
Alguns exemplos usados por Lamarck para justificar sua teoria: aves pernaltas teriam desenvolvido pernas longas ao longo de gerações por se esforçarem para esticar as pernas a fim de não molhar as penas ao andar sobre água rasa.
Os descendentes das cobras teriam tido pernas, que em dado momento passaram a atrapalhá-las na passagem por lugares estreitos; com o desuso, esses apêndices desapareceram ao longo de muitas gerações.
Plantas de regiões secas teriam desenvolvido, pela necessidade do uso, órgãos de armazenamento de água.
Vivendo em áreas com pouco capim, girafas de pescoço curto teriam se esforçado para alcançar as folhas das árvores, e esse esforço, ao longo de gerações, teria tornado o pescoço delas longo.














Segundo Lamarck, as girafas teriam, a princípio, pescoços curtos e viveriam em ambientes onde a vegetação rasteira era relativamente escassa.
Porque a teoria de Lamarck está errada?
O erro básico é a afirmação de que as características adquiridas são transmitidas; a prova disso surgiu no fim do século XIX, quando descobriu-se que quaisquer alterações fenotípicas em células somáticas são irrelevantes para as células germinativas desenvolvidas nas gônadas; além do mais, os tecidos germinativos se diferenciam logo no início do desenvolvimento embrionário.
Hoje é bem claro que é impossível que o exercício de esticar o pescoço tenha alterado segmentos de cromossomos de células germinativas de girafas.


Charles Robert Darwin (1809-1882)

• Charles Robert Darwin, quinto dos seis filhos de Susannah e Robert Darwin, nasceu em 12 de fevereiro de 1809 na cidade de Shrewsbury, Inglaterra. Seu pai era um famoso médico, muito rígido com a família. Era um cuidadoso colecionador de minerais, conchas e principalmente selos.
• Durante a adolescência começou a caçar e sua atenção foi concentrada nesta atividade com seus amigos. Seu pai, descontente com as atividades do filho, o enviou para a Universidade de Edimburgo estudar Medicina em 1825, a experiência foi um fracasso, achava monótona as palestras e sentia repulsa em ver as operações. Portanto diante da desistência, seu pai o enviou para Cambridge para se preparar para o sacerdócio. Foi em Cambridge, com a amizade com o professor de Botânica, John Henslow, que despertou o verdadeiro interesse pela História Natural.

A teoria de Darwin
Essa teoria também deveria carregar o nome do britânico Wallace (1858).
___________________________________________________________
Alfred Russel Wallace(1823-1913, cientista)
Obra “A tendência das variedades de se afastarem indefinidamente do tipo original”
______________________________________________________________
; Mas por razões como maior número de provas, o nome do conterrâneo Darwin tornou-se mais conhecido que de Wallace.
A teoria de Darwin é aceita até hoje; a única diferença é que na época ela não tinha as bases fornecidas pela genética e pela biologia molecular.
Essa teoria propõe que as alterações em espécies ao longo de gerações são provocadas por morte diferencial, causada pela seleção natural; a morte diferencial depende da probabilidade de um conjunto de características favorecer a sobrevivência; diz-se que indivíduos com um conjunto de características que favorecem sua sobrevivência são bem adaptados àquele ambiente (pelo menos naquele momento); como é maior a probabilidade de sobrevivência dos bem adaptados, também é maior a probabilidade de que eles produzam mais descendentes do que os menos adaptados; o resultado disso é que ao longo das gerações, a proporção de indivíduos portadores do conjunto de características favorável ficará cada vez maior; ao final do processo, teríamos uma população bem diferente da inicial; tomando o exemplo da girafa: numa população que vive em uma região árida com gramíneas escassas, há variação do comprimento dos pescoços; se em dadas estações anuais a seca for rigorosa, é mais provável que as girafas de pescoços maiores sobrevivam por conseguirem alcançar algumas folhas de árvores resistentes à seca; dessa forma, a maior probabilidade de reprodução de girafas com pescoços maiores culmina em populações descendentes com pescoços cada vez maiores.
Grande parte das provas colhidas por Darwin foram obtidas nas ilhas Galápagos




• As ilhas Galápagos, localizadas a 1000 km da América do Sul, no Oceano Pacífico, propriedade do Equador e Patrimônio da Humanidade, apresentam uma fauna e flora peculiares. Darwin observou que haviam variedades dentro de cada espécie, distribuídas cada uma em sua ilha.
Ele observou que a fauna de pássaros nas ilhas era semelhante; porém, as populações diferiam nas formas de bico, que, como observado, dependem do tipo de alimentação disponível em cada ilha.
Outro aspecto que reforça a teoria é a grande mortalidade nas populações; ela fica ainda mais evidente quando tomamos exemplos como girinos (se todos sobrevivessem e se todos gerassem descendentes, o mundo estaria coberto de sapos); isso também vale para muitos outros animais e plantas; o fato de a mortalidade estar sempre presente suporta a idéia de que a seleção natural é um processo que não terminará enquanto houver vida no planeta.
Se o ambiente se mantém constante, é provável que as espécies que nele habitam mantenham-se constantes também; se ele muda, é possível que indivíduos que antes eram bem adaptados passem a ser mal adaptados; no extremo da mortalidade, pode acontecer uma alteração tão abrupta que nenhum indivíduo sobrevive dentro de algumas gerações, o que constitui a extinção da espécie.
Darwin também citou os animais domésticos, cuja variação fenotípica é muito maior do que nos animais silvestres; isso se deve à seleção artificial feita pelo homem.
Darwin propôs que a alteração contínua de uma população é capaz de diferenciar a população presente em relação à passada a tal ponto que pode-se considerá-las como espécies diferentes.

O que faltou para que a teoria de Darwin fosse completa?
Na época de Darwin, as observações em campo e as observações morfológicas já deixavam clara a existência de variação; ele só não soube explicar a origem dessa variação; ela só começou a ser explicada pela genética, o que acabou por gerar o neo-darwinismo, ou seja, evidências posteriores a Darwin serviram para tornar sua teoria ainda mais sólida.


__________________________________________________________________
MENDEL (1822 - 1884)

O trabalho de Mendel foi encontrado na Biblioteca de Darwin. O referido trabalho (1865) não teve muita repercussão nos meios científicos, pois ao contrário da norma para um trabalho de Historia Natural da época, era recheado com cálculos e proporções.
Mendel (ao lado)- Biólogo e botânico austríaco de origem tcheca. É o pioneiro das teorias da Genética. Nasce em Heinzendorf, Tchecoslováquia. Filho de camponeses, interessa-se desde pequeno por plantas e ingressa na vida religiosa no Monastério Agostiniano de Brünn, na Morávia.




______________________________________________________________
Segundo Darwin, a explicação para a evolução do pescoço das girafas se deve ao fato de que já existiam girafas que apresentavam pescoço com tamanhos diferentes, havendo, portanto, variação nessa característica.













O impacto da teoria de Darwin?
O trabalho de Darwin foi um dos que causaram maior impacto no conhecimento humano, nas suas mais variadas disciplinas.
Acima de tudo, foi um trabalho que rompeu com dogmas religiosos milenares; isso se tornou ainda mais grave quando o homem foi colocado como espécie de primata, no mesmo nível de qualquer espécie viva atualmente.

O documentário fóssil
Fóssil é qualquer vestígio de espécies que tenham vivido em épocas anteriores; o quão antigo deve ser o vestígio para que ele seja classificado como fóssil é subjetivo e sujeito a variações dependendo do grupo de seres estudados; o termo vestígio pode se referir aos mamutes da Sibéria congelados, quase completamente conservados, até a simples pegada de um dinossauro ou impressão deixada por uma folha; com maior freqüência, são encontrados fósseis de vertebrados, já que é mais comum a conservação de ossos.
Fósseis já influenciavam a cultura humana nos tempos antigos; inspiraram, por exemplo, o folclore dos dragões chineses.
Como é impossível experimentar a evolução em laboratório, as únicas evidências seriam os fósseis; assim, os paleontólogos procuram remontar o quebra-cabeça da evolução, reunindo as evidências no espaço e no tempo.
Apesar da grande utilidade da paleontologia, ela apresenta algumas limitações: o conjunto de fósseis pode não representar bem a fauna daquele período, pois acabam sendo conservados os indivíduos mais abundantes; a grande maioria dos fósseis são encontrados em terrenos sedimentares característicos de planícies e lagos (condições que favorecem a conservação); isso explica a riqueza de informações disponível para peixes e a pobreza de informações sobre aves e animais arborícolas; as condições exigidas tanto para a fossilização quanto para a descoberta dos sítios paleontológicos não significa que uma região tinha fauna e flora mais ricas do que outra; além disso, a regra da paleontologia são fósseis de partes pequenas, como dentes; encontrar esqueletos completos é raro.
A aplicação de marcadores radioativos nos últimos 50 anos aumentou a precisão temporal das análises.
O aumento do conhecimento sobre os mecanismos genéticos tem se tornado evidência adicional ao estudo dos fósseis.

Os mutacionistas
Por volta de 1902, surgiu uma corrente que defendia que o único mecanismo evolutivo eram as mutações, negando a seleção natural; De Vries propôs a existência de micromutações (as responsáveis pela variação indicada por Darwin) e macromutações (que seriam responsáveis pelo surgimento repentino de espécies novas).
Essa discussão persistiu até 1930; portanto, nesse época (pelo menos no meio científico) já não havia mais dúvidas de que a evolução era real; a discussão já girava em torno de “como ela ocorre”.

O conhecimento atual
Por volta de 1930 quatro cientistas (Fisher, Haldane, Wright e Chetverikov) mostram que tanto mutações como seleção natural atuam de maneira conjunta na evolução; a união do trabalho desses cientistas marcou o início do neo-darwinismo; a partir daí, pouca coisa mudou.

Teoria Sintética da Evolução ou Neo-darwinismo

Introdução
Mutações gênicas, mutações cromossômicas e, principalmente, recombinação gênica (reprodução sexuada) são as causas da variabilidade, que é “usada” pela seleção natural.
A tendência seria da homogeneização devida à seleção natural; porém, as variações surgem nas populações de maneira constante, independente da adaptabilidade dos indivíduos; se a seleção natural for intensa, a população é homogênea; se poucos fatores ambientais causam mortalidade, a população é heterogênea.
Outro fator importante para a evolução é o isolamento reprodutivo; a variação de duas populações isoladas progride, necessariamente, de maneiras diferentes devido ao acaso das mutações e recombinações.
Três outros processos: migração (se uma população migra para um ambiente muito diferente, ela estará sujeita a novas pressões seletivas), hibridação (troca genética entre populações diferentes) e deriva genética (o acaso das mutações e recombinações gênicas).
Genética de populações → Teorema de Hardy-Weinberg.

As fontes da variabilidade
Como na espécie humana e espécies domesticadas ocorre “afrouxamento” da seleção natural, é possível observar grande variabilidade.

Variações ambientais
A exposição ao ambiente pode causar desnutrição, doença, exercício, acidentes, exposição à luz solar, umidade, altitude, temperatura, etc; as alterações causadas por esses fatores não são hereditárias.
Um campeão de halterofilismo não transmitirá ao seu filho toda a estrutura muscular que adquiriu às custas de exercícios.

Mutação gênica
Fornece material genético novo a um conjunto genético preexistente, fornecendo matéria-prima para a evolução.
Mutações ocorrem principalmente por erros durante a duplicação pela DNA polimerase.
Uma mutação não provoca, obrigatoriamente, alteração fenotípica; para que essa “última etapa” ocorra, a mudança da seqüência de aminoácidos deve ser relevante para mudar a proteína.
Alterações mais drásticas ocorrem se há perda ou acréscimo de uma base nitrogenada, o que altera toda a seqüência subseqüente durante a duplicação.
Porém, as mutações ocorridas em células somáticas não afetam a evolução, apesar de poderem afetar o indivíduo; somente mutações em células germinativas são capazes de introduzir novo material genético na população.
De cada 100.000 indivíduos (em média), 1 deve ser portador de uma mutação em algum loco gênico; essa taxa refere-se a mutações espontâneas (devidas a erros naturais de processos celulares), mas pode ser aumentada por agentes externos, como radiações.

Aberrações ou mutações cromossômicas
Geralmente traz grandes conseqüências para o indivíduo.
A quebra de um cromossomo durante a produção de uma célula germinativa pode causar inversão, ou seja, rotação de 180º de um segmento que volta a se ligar ao resto do cromossomo.
Todo um segmento pode ser perdido caso a junção de duas extremidades deixadas por separação desse segmento aconteça antes de esse segmento retornar; isso é chamado de deficiência.
A duplicação caracteriza a junção de um segmento idêntico a outro no mesmo cromossomo; enquanto para um cromossomo pode acontecer duplicação, para outro pode ocorrer a deficiência do segmento correspondente.
Translocação → troca de pedaços entre dois cromossomos não homólogos.
Essas mutações são muito mais raras do que as gênicas, mas têm causas mais profundas e muitas vezes prejudiciais.
Alterações numéricas são causadas por erros na meiose; esses erros são classificados em aneuploidias e euploidias.
Aneuploidias: afetam apenas um par de cromossomos; a perda de um cromossomo é caracterizada como monossomia e o ganho de trissomia; dois: tetrassomia.
Euploidias: afetam todo o genoma; haploidia → indivíduo n; triploidia → 3n.
Euploidias podem ser naturais, como em plantas, alguns insetos e outros invertebrados.

Recombinação genética
A principal fonte de recombinação gênica é a reprodução sexuada (meiose); exceto no caso de gêmeos, é impossível um casal ter dois filhos com o mesmo genótipo; primeiro porque o genoma do filho é formado por metade do genoma do pai e metade da mãe.
A probabilidade de um homem (depois de já ter tido um filho) formar um segundo gameta com o mesmo cromossomo de um dos pares de cromossomos encontrados no primeiro filho é ½; a probabilidade para outro par também é meio e assim por diante até chegar ao 23º par; elevando-se ½ à 23º potência, tem-se a probabilidade 1/8.338.608; para a mulher a probabilidade é a mesma; então, a multiplicação das duas probabilidade resulta em 1/70.368.744.177.664.
Mas a recombinação é aumentada mais ainda pela ocorrência de permuta; a permuta é a troca de genes entre cromossomos homólogos, que ocorre durante a meiose; supondo que um indivíduo tenha um gene dominante A e outro recessivo b em um mesmo cromossomo e no homólogo esteja a e B; seus gametas podem possuir tanto cromossomos com A e b quanto cromossomos com a e B; porém, como pode ocorrer permuta, é possível que ele também produza gametas com A e B e gametas com a e b.

As variações surgem por acaso
A mutação que faz com que um indivíduo seja considerado mutante aconteceu nos seus ancestrais e não nele próprio (nos ancestrais a mutação ocorreu apenas nos tecidos germinativos); com sorte, essa mutação permitirá sobrevivência facilitada para o indivíduo, favorecendo sua reprodução; caso a mutação não prejudique a formação de gametas por esse indivíduo mutante, é provável que esse novo conjunto gênico se espalhe pela população ao longo de muitas gerações.
Assim, a variabilidade é importante para a sobrevivência de uma espécie, pois dá chances para que sempre existam indivíduos adaptados a qualquer alteração que venha a ocorrer no ambiente.

Seleção natural

• O conceito que verdadeiramente caracteriza a teoria da evolução de Darwin;
• Este sugere que em cada geração uma parte dos indivíduos de uma população são eliminados porque estabelecem entre eles uma "Luta pela sobrevivência" devido à competição pelo alimento, refúgio, espaço e fuga aos predadores;
• Deste modo sobrevivem os que melhor se adaptarem ao meio.
• Os indivíduos mais aptos transmitem essas características à descendência.
____________________________________________
Resumo da origem das espécies, 1859
FATOS:
1) Rápido aumento na população.
2) Luta pela vida, uso da Herança.
3) Seleção Natural - Variação do meio
CONSEQÜÊNCIAS:
1) Luta pela vida.
2) Sobrevivência do mais apto:seleção natural
3)Sobrevivem indivíduos diferentes em meios diferentes: origem das novas espécies

Pontos Positivos:
•Atitude científica correta, observação da natureza, elaborando o conceito da seleção natural;
•Estabeleceu que todas as espécies, incluindo o homem, tem um ancestral comum.

Pontos negativos Negativos:
•Falta de explicação da origem das espécies;
•Contaminação com o Lamarckismo
( uso e desuso e hereditariedade)

____________________________________________________________

Se em uma dada população há 50% de indivíduos com um caráter A e 50% de indivíduos com um caráter B, e se em dado o momento o ambiente passar a favorecer o caráter B, aumentará a probabilidade de os indivíduos portadores desse caráter sobreviverem e se reproduzirem; assim, é possível que a geração seguinte à alteração ambiental tenha, por exemplo, 60% de indivíduos com o caráter B; a tendência dessa proporção é aumentar caso o ambiente se mantenha alterado; o extremo da situação é o desaparecimento do caráter A.
É importante destacar que não há competição entre mais adaptados a determinada situação do ambiente e menos adaptados.
Mas podem existir casos em que a seleção pode atuar por meio de disputas físicas, como a luta entre machos por fêmeas; os vencedores tendem a transmitir seus genes adiante.

Seleção estabilizadora
Quando o ambiente permanece constante por longo período; nesse caso, são favorecidos os indivíduos com caracteres próximos das médias; indivíduos com caracteres extremos (que nunca deixarão de existir devido à variação genética) tendem a ter mais dificuldades para sobreviver e procriar.

Seleção direcional
Quando uma alteração no ambiente tende a desviar a média de determinado caractere; por exemplo, quando determinada característica em uma população de insetos é favorecida pela exposição continuada a inseticidas.

Seleção disruptiva
É o contrário da seleção estabilizadora, pois favorece caracteres antagônico em detrimento da média; é como uma seleção direcional atuando em sentidos opostos; isso ocorre se a área de ocupação de uma população for ampla o suficiente para que duas porções dessa mesma população estejam sujeitas a diferentes pressões seletivas; em prazos longos e sob condições climáticas, geológicas, etc. favoráveis, pode resultar no surgimento de duas espécies novas, diferentes da espécie ancestral.

Seleção feita pelo homem
Feita em cães, plantas ornamentais, plantas de cultivo (agricultura), animais para produção de leite, carne, etc.
O endocruzamento é um procedimento de seleção artificial que produz uma seleção direcional; porém, o sentido dessa direção é ditado pelo interesse econômico e não por fatores ambientais (pelo menos diretamente); a diferença é que na seleção natural a grande variação não deixa de existir; no caso dessa seleção artificial, também é impossível eliminar a variação genética, mas ela torna-se muito mais homogênea; o resultado são indivíduos muito parecidos, que compõem as chamadas linhagens (raças puro-sangue, como no caso de cavalos e ratos de laboratório).
Cruzamento entre raças diferentes, feita em laboratório; procedimento muito usado na agricultura.

Isolamento reprodutivo
Há isolamento reprodutivo entre duas populações quando elas estão incapacitadas de se cruzarem, mesmo sendo da mesma espécie; o isolamento mais simples de ser entendido é o provocado por algum evento geológico.
Populações alopátricas podem ser da mesma espécie, mas não cruzam entre si por limitações geográficas; populações simpátricas ocupam a mesma área, mas não cruzam entre si por limitações biológicas (que podem de vários tipos, como o período de vigília, se noturno ou diurno).
O isolamento reprodutivo explica a formação de espécies, já que permite que duas ou mais populações inicialmente unidas tomem caminhos evolutivos obrigatoriamente diferentes; esses caminhos evolutivos serão diferentes mesmo supondo que as diferentes regiões sejam idênticas quanto ao conjunto de fatores abióticos.

Processos evolutivos complementares
Migração
Quando em determinado momento ocorre migração de indivíduos de uma população para outra que era alopátrica; caso o patrimônio genético dos migrantes seja diferente e caso eles obtenham sucesso na reprodução, é possível que esse novo conjunto genético se dissemine, apesar de as duas populações terem tido tempo suficiente para começarem a percorrer caminhos evolutivos distintos; a possibilidade continuada de migração constitui a quebra do isolamento geográfico.

Hibridação
Quando a migração ocorre entre populações muito próximas, mas que já eram diferenciadas em raças; tem como conseqüência aumento de variabilidade, já que ocorre mistura de padrões genéticos muito diferentes.

Deriva genética (oscilação genética)
Quando o patrimônio genético é alterado ao acaso independentemente de qualquer tipo de seleção natural; a deriva genética é mais intensa quanto menor a população; por exemplo, dentro de uma população de 10.000 indivíduos, 90% (9.000) com característica A e 10% (1.000) com característica B, se por acaso 10 indivíduos B não se reproduzem, a geração seguinte terá 90,09% de indivíduos A e 9,91% de indivíduos B; porém, para uma população com 100 indivíduos, 90% (90) A e 10% (10) B, se por acaso os 10 B não se reproduzem, a geração seguinte terá 100% de A; assim, o acaso em populações menores pode ter efeitos muito mais profundos na história evolutiva daquela espécie.
O caso extremo da deriva genética é o efeito do fundador; se um casal ou pequeno grupo de uma população migra para uma área não ocupada pela população da qual foram originados, eles poderão iniciar uma nova população muito diferente da original, já que essa nova população será iniciada com os patrimônios genéticos particulares de um grupo pequeno de indivíduos.

Os genes nas populações
A composição genética de uma população pode ser alterada entre as gerações sucessivas, por força da seleção natural e/ou deriva genética; essa alteração caracteriza a evolução.
Tomemos o exemplo de um loco A; só podem ser encontrados três genótipos na população: AA, Aa e aa.
Considerando-se, por exemplo os grupos sangüíneos MN, podemos ter 1800 (30%) LMLM, 3000 (50%) LMLN e 1200 (20%) LNLN.
São 6000 indivíduos diplóides; por isso estamos lidando com 12000 alelos de genes; assim se temos 1800 indivíduos LMLM, temos 3600 alelos LM; se temos 3000 indivíduos LMLN, temos 3000 alelos LM; somando os alelos LM dos dois genótipos, concluímos que há um total de 6600 alelos LM na amostra populacional investigada.
Se o total geral de alelos é 12000 e o total de alelos LM é 6600, então a proporção de alelos LM na população é 55%.
Fazendo os mesmos cálculos para o outro alelo, descobrimos que a freqüência de LN é de 45%.
Seja n1 a freqüência do fenótipo M, n2 a de MN e n3 a de N, temos n1 + n2 + n3 = N.
Assim, a freqüência de LM = 2n1 + n2 / 2N; pode-se verificar que a freqüência de LM mais a de LN = 1 (0,55 + 0,45).

Teorema de Hardy-Weinberg
Os dados mostrados podem dizer respeito a uma geração; mas o que pode acontecer ao longo de gerações sucessivas? Por volta de 1908, Hardy e Weinberg formularam um teorema com o seguinte enunciado: em uma população em equilíbrio as freqüências gênicas e genotípicas permanecem constantes ao longo das gerações.
Uma população em equilíbrio é uma população com mais de 1000 indivíduos, em que não ocorre mutação, não ocorre seleção, não ocorre migração e em que os cruzamentos ocorrem ao acaso.
Essas condições não passam de ideais; portanto, é impossível a existência de uma população em equilíbrio; a utilidade desse modelo teórico é de poder ser comparado com situações reais, que ficam mais fáceis de serem entendidas.
Em uma população hipotética temos gene A1 e A2, ambos com freqüência de 50%.
São possíveis os seguintes genótipos: A1A1, A1A2 e A2A2.
Para obter a freqüência do genótipo A1A1 é necessário elevar a freqüência de A1 ao quadrado; o mesmo raciocínio vale para A2A2.
Para A1A2 é um pouco diferente; a freqüência de um deve ser multiplicada pela do outro e o resultado disso deve ser multiplicado por dois, pois o encontro entre esses dois genes pode ocorrer de duas maneiras: A1A2 e A2A1.
A soma das freqüências dos genótipos possíveis (p2 + 2pq + q2) é igual a 1; voltando à população hipotética, temos 0,25 (que é p2), 0,50 (p . q . 2) e 0,25 (q2); a soma dá 1.
A probabilidade de um A1A1 cruzar com outro A1A1 é 0,25 X 0,25, ou 0,0625 (6,25%); seguindo o mesmo raciocínio, é possível determinar a freqüência esperada para cada tipo de cruzamento (supondo que a população esteja em equilíbrio).
Somando-se todos os genótipos obtidos com todos os cruzamentos, obtém-se exatamente a mesma freqüência de genótipos e de genes.
Na população humana, a freqüência de indivíduos Rh- é cerca de 16% e a de Rh+ 84%; seria possível calcular a freqüência de genes rh, a freqüência de homozigotos e a de heterozigotos entre os fenótipos Rh+?
De acordo com o problema, a população humana tem a seguinte composição RhRh + Rhrh → 84% e rhrh → 16%.
Como o genótipo rhrh tem freqüência de 16%, o gene rh tem freqüência de Ö0,16 = 0,4; como a freqüência de Rh mais a de rh é igual a 1, a freqüência de Rh é 0,6.
Calculando-se o quadrado de Rh, o dobro de Rh vezes rh e o quadrado de rh, temos que a freqüência de RhRh é 0,36, Rhrh 0,48 e rhrh 0,16.
A freqüência do gene rh é de 40% e existem 36% de indivíduos homozigotos Rh+ e 48% heterozigotos com o mesmo fenótipo.
É importante destacar que embora indivíduos Rh- sejam apenas 16% da população, o gene rh (recessivo) representa 40% do total de genes, já que 48% da população é heterozigota.

Atuação dos processos evolutivos
Mesmo que o equilíbrio da população fosse real, ele não significaria que os indivíduos da geração seguinte são idênticos aos da ancestral, pois nos casos anteriores lidamos apenas com genes específicos; devemos lembrar que existem milhões deles.
Também deve ficar claro que é a população que muda, e não os indivíduos; ou seja, um indivíduo nasce com um genótipo e necessariamente morre com o mesmo genótipo; quem evolui é a população (isso confirma a idéia de Darwin e contraria a de Lamarck).
Numa população, as freqüências gênicas e genotípicas são influenciadas por mutação, recombinação e seleção; a quebra do equilíbrio ideal é que representa a evolução (a mudança populacional); tudo depende do acaso (deriva genética) e do ambiente (seleção natural).
Tanto a mudança de espécies quanto a extinção delas são processos naturais, devidos às pressões seletivas de ordem abiótica e biótica; alterações ambientais drásticas também são capazes de extinguir espécies; essas alterações certamente aconteceram muitas vezes ao longo da história geológica, mas tornaram-se muito mais freqüentes com a ação humana.
O caos gênico nunca determina o curso da evolução; ele apenas propicia a possibilidade de esse curso acontecer por forças ambientais.

Variabilidade X seleção
Se a seleção atuar de forma abrupta eliminando determinados caracteres polimórficos, a população se tornará monomórfica; dessa maneira estará mais vulnerável a eventuais desvios ambientais.

O caso da anemia falciforme (ou ciclemia)
Existe um gene recessivo que, em homozigose, provoca um defeito nas hemácias, que assumem forma de foice e perdem muito em quantidade de hemoglobina e capacidade transportadora de oxigênio.
É evidente que esse gene recessivo mutante tende a desaparecer, devido à forte pressão seletiva contra ele; seus níveis baixos na população só são mantidos pelas próprias mutações novas.
No entanto, foi descoberta uma população africana em que esse mutante recessivo tem freqüência alta; foi verificado que, primeiramente, nessa área a malária é muito comum, causando grande mortalidade; também verificou-se que os heterozigotos para anemia falciforme são resistentes à malária, pois quando o plasmódio invade essas hemácias, elas mudam para a forma de foice e são eliminadas, impedindo que o indivíduo contraia a doença; portanto, nessa região os heterozigotos têm vantagem adaptativa em relação aos homozigotos, cujas hemácias não são eliminadas quando invadidas pelo plasmódio; assim, apesar de os anêmicos homozigotos também apresentarem grande mortalidade, esse polimorfismo é mantido pela grande chance de sobrevivência dos heterozigotos.

Resistência de bactérias a antibióticos
É bem conhecida a seleção natural (ou artificial não intencional) de bactérias pelo uso indevido de antibióticos, que permite a sobrevivência de formas resistentes, cuja descendência requer, para ser eliminada, o uso de antibióticos ainda mais fortes.

Resistência das moscas a inseticidas
É um processo semelhante ao das bactérias diante dos antibióticos.

Melanismo industrial (as mariposas inglesas)
Colecionadores da região de Manchester consideravam a mariposa branca como forma muito comum; a negra era considerada raridade e tinha alto valor nas coleções; porém, ocorreu aumento da freqüência das formas negras, que coincidiu com o advento das indústrias na região.
A explicação é a seguinte: a fumaça e a fuligem emitida pelas chaminés escureceram o solo e os troncos das árvores de toda a região adjacente; com a mudança da coloração ambiental, as formas brancas tornaram-se mais visíveis quando pousadas, o que facilitou que fossem atacadas por aves; o aumento da predação sobre a forma branca e a diminuição sobre a forma negra causou aumento gradativo da proporção da forma negra na população de mariposas daquela região; em outras áreas da Inglaterra, onde não houve industrialização, a freqüência relativa das formas manteve-se parecida até hoje.

O caso dos coelhos na Austrália
A Austrália não era habitada por nenhum mamífero placentário até a chegada do homem (os ancestrais dos aborígenes); mas a invasão de mamíferos placentários aconteceu de forma mais drástica com a recente colonização do continente, quando muitos animais exóticos foram introduzidos; os coelhos, em particular, tornaram-se séria praga para a agricultura; a fim de reduzir a população de coelhos, foi introduzido um vírus em 1950; a população foi, de fato, bastante reduzida, mas não totalmente eliminada; em 1955 a população voltou a crescer; estudos mostraram que os coelhos estavam contaminados, apesar de não estarem doentes; a aplicação desse vírus em coelhos de outras regiões provocou apenas uma manifestação fraca da doença; isso mostrou que, além de a população de coelhos ter desenvolvido a resistência, a população de vírus desenvolveu efeito atenuado (o que é vantajoso para parasitas, já que para eles manterem-se vivos, é importante que seus hospedeiros também se mantenham vivos).

Adaptações por imitação
Mimetismo → um organismo imita a cor, forma, comportamento, etc. de outro; algumas borboletas de sabor agradável para predadores imitam outras de sabor desagradável para evitar predação.
Homotipia → imitação de formas do ambiente, como bicho-folha.
Homocromia → imitação de cores do ambiente.

Conclusões
A importância desses exemplos largamente citados é a de que são os poucos casos capazes de comprovar a evolução e a mudança de populações ao longo de gerações, já que na maioria dos casos essas mudanças não podem ser detectadas pelo homem.
Extrapolando esses casos, unindo-os com o documentário fóssil, dados biogeográficos e com todo a base teórica, é possível entender como populações se diferenciam entre si a ponto de se transformarem em novas espécies.

Origem das Espécies
Introdução
· A evolução tem como conseqüência a constante adaptação da população acompanhando a constante mudança do ambiente; essa mudança constante pode resultar na extinção de espécies ou no surgimento de novas.

Origem das raças
· Quando a ação conjunta do acaso genético e da seleção natural geram uma população muito bem adaptada, esta tende a crescer a ponto de não ser mais suportada pelo ecossistema; assim, essa população pode: ou começar a oscilar em torno de um patamar, ou entrar em colapso ou parte dela inicia migração; os migrantes podem simplesmente aumentar a área de ocupação da espécie ao habitarem áreas adjacentes; mas caso a migração seja para uma região isolada da população original, é fundada uma nova população.
· Se a nova população ficar isolada, sua história evolutiva será necessariamente diferente da original; mas a velocidade com que as mudanças acontecerão dependerá de muitos fatores, tais como: se houver efeito do fundador (nova população muito pequena e com proporções de formas muito diferentes da original); diferença ambiental da nova área (diferentes pressões seletivas); tamanho das populações; períodos de alta mortalidade e afunilamento de características (causando sucessivos efeitos do fundador).
· É importante destacar que a velocidade da evolução não pode ser “medida” simplesmente em séculos ou milênios; ela depende do tempo de vida de cada espécie; assim, as mudanças populacionais em bactérias (uma geração a cada 30 minutos) ocorrem num tempo diferente das mudanças populacionais de moscas (uma geração a cada 15 dias).
· Depois de algum tempo de diferenciação paralela, pode-se comparar as duas populações e descobrir que elas já são raças diferentes; o aumento dessas diferentes resulta na diferenciação em espécies.

Especiação
· Diz-se que a diferenciação entre espécies está completa quando, mesmo que o isolamento geográfico entre duas populações irmãs cesse e as duas populações voltem a conviver, não há mais possibilidade de cruzamento com descendência fértil (acúmulo de diferenças resultando em isolamento reprodutivo).
· Dessa forma, a continuidade da diferenciação independente das novas espécies é garantida, não importando se há ou não convivência delas no mesmo ecossistema; isso quer dizer que a origem de uma espécie não implica obrigatoriamente na extinção de outra.

Especiação alopátrica
· Isolamento geográfico e acúmulo de diferenças por meio da deriva genética e/ou da seleção natural.

Evolução filética
· Quando apenas uma população sofre seleção direcional pressionada pelo ambiente; depois de certo tempo ela se torna uma espécie diferente da inicial; assim se fosse possível transportar um indivíduo da população presente para a população passada, esse indivíduo estaria isolado reprodutivamente, mesmo estando a população no mesmo local; nesse caso, há uma relação filética (de ancestralidade) entre uma espécie e outra; aqui, como no caso anterior, é difícil determinar o momento exato em que uma espécie se torna outra, pois ocorre um processo gradual em que, inicialmente, apenas alguns indivíduos são isolados reprodutivamente e, no final, todos o são.

Fixação do isolamento
· Se uma população ancestral é dividida e as populações filhas são novamente unidas no espaço, a diferenciação entre elas pode não ter sido suficiente para que as formas extremas de uma e outra sejam isoladas reprodutivamente.
· Se há esse cruzamento entre formas extremas, podem nascer híbridos que adicionam variabilidade à população beneficiando-a com grande versatilidade diante de mudanças ambientais.
· Por outro lado, os híbridos podem ser mal adaptados ou estéreis; assim, esse patrimônio genético híbrido acaba desaparecendo pelas forças do próprio ambiente; o resultado é que os indivíduos incapazes de reconhecer sua própria raça para perpetuar genes, acabam gerando apenas híbridos com grande mortalidade e/ou estéreis; dessa forma, cada vez menor patrimônio genético das formas extremas (que permitem a ponte entre as duas populações) sobrevive, o que gera a conclusão do processo de isolamento reprodutivo, mesmo que as populações tenham se reunido antes do processo ter se completado com a garantia do isolamento geográfico.

Mecanismos de isolamento
Tipos de mecanismos de isolamento
· O isolamento reprodutivo pode ser pré-zigótico (quando não há possibilidade morfológica de fecundação) e pós-zigótico (quando a fecundação pode ocorrer, mas gera descendentes com grande desvantagem adaptativa ou estéreis).
· O isolamento pré-zigótico pode ser devido a dificuldades morfológicas de cópula ou a dificuldades comportamentais (indivíduos de uma espécie rejeitam os de outra apesar de suas morfologias permitirem a cópula) ou a entraves temporais (os indivíduos tem diferentes períodos de amadurecimento sexual ou cio); além disso, outro mecanismo é a morte dos gametas masculinos dentro do organismo feminino por fatores fisiológicos.
· Os mecanismos pós-zigóticos podem ser: inviabilidade do híbrido (pode morrer ainda no estágio embrionário), esterilidade do híbrido (apesar de ele poder atingir a idade adulta e sobreviver bem no ambiente).

Isolamento em condições naturais
· Pode ser difícil afirmar que duas espécies são diferentes simplesmente com base em diferenças; em alguns casos, pode ser necessário um teste de isolamento reprodutivo.

Quebra do isolamento pelo cativeiro
· Muitas espécies que se encontram naturalmente isoladas podem cruzar entre si e até gerar descendência fértil; por isso, o parâmetro usado para definir espécies (isolamento reprodutivo) deve ser restrito aos casos observados em condições naturais, já que em cativeiro, o comportamento dos indivíduos muda drasticamente.

Especiação por poliploidia
· Pode ocorrer em plantas; um erro de meiose pode resultar na geração de ovos tetraplóides.
· Uma plantas tetraplóide não pode cruzar com uma planta diplóide da “mesma” espécie; porém, se essa planta for hermafrodita, a ela será permitida a fecundação cruzada, que poderá gerar novos indivíduos com o dobro do genoma da espécie original, isolados reprodutivamente desta e viáveis reprodutivamente.
· Esse é o único caso em que a especiação ocorre rapidamente de uma geração para outra, sem gradação intermediária de longo prazo.

Conclusões
· Todos esses dados mostram que o conceito de espécie é estático diante de tamanho dinamismo temporal e espacial; por isso, o conceito de espécie é tão polêmico; deve-se, porém, destacar que o uso desse conceito é mantido mais por conveniência de classificação.

Evolução dos Grandes Grupos

Introdução
· Espécie é a única categoria sistemática com existência concreta, apesar das controvérsias em torno do conceito; as demais (gênero, família, ordem, classe e filo) são agrupamentos arbitrários convenientes ao pensamento humano; quanto mais próxima da história evolutiva, mas correta a classificação será.
· Espécies com características semelhantes podem ser agrupadas em um gênero, dentro do qual podem ser estabelecidas relações de parentesco; a base dos ramos que compõem o gênero seria a família, bem como algumas famílias teriam como base uma ordem, e assim por diante.

Origem dos grandes grupos
· Segundo o documentário fóssil, répteis, mamíferos e aves tornaram-se isolados reprodutivamente há pelo menos 200 milhões de anos, tempo suficiente para grande acúmulo paralelo de diferenças; acúmulos como este contribuem para tornar clara a distinção entre grandes grupos.
· Outra coisa que contribui é a extinção de espécies com características intermediárias; répteis eram parecidos com anfíbios; porém, com acúmulo de diferenças devido a isolamento reprodutivo e com a extinção das espécies “intermediárias”, acentuou-se a distinção entre os dois grupos; da mesma forma, a distinção entre aves e mamíferos não seria tão clara se existisse grande quantidade de espécies parecidas com ornitorrinco.

Irradiação adaptativa
· Quando uma população adquire características novas que permitem a exploração de novos ambientes e, conseqüentemente, a expansão da população; essa expansão propicia o surgimento de novas espécies; o documentário fóssil mostra que esse fenômeno aconteceu muitas vezes.
· Outra situação que conduz à irradiação adaptativa é a invasão por migração de novos ambientes, com pressões seletivas diferentes (seleções direcionais).
· Casos de irradiação adaptativa mostram que a evolução não tem velocidade constante; dependendo da situação ambiental, a velocidade com que as espécies se irradiam ou se modificam pode ser acelerada ou ficar estagnada por longo período; ambientes estáveis promovem a seleção estabilizadora.

Constância evolutiva
· Fenômeno exemplificado pelas espécies que recebem a denominação de “fóssil vivo”, pois o conjunto de características muda muito pouco dentro e milhões de anos; um exemplo é o do gambá, que mudou muito pouco dentro dos últimos 80 milhões de anos (o documentário fóssil prova isso).

Convergência evolutiva
· Ocorre convergência quando espécies diferentes devem solucionar o mesmo problema adaptativo, o que força as populações a sofrerem seleção direcional resultando no surgimento de características com função semelhante, apesar de estruturalmente diferentes; exemplos clássicos são dados por baleias e golfinhos, que adquiriram forma semelhante a de peixes apesar de serem mamíferos.
· Mas isso não significa que qualquer vertebrado terrestre que volte a ocupar o oceano tenha que adquirir forma hidrodinâmica de peixe; vide exemplo das tartarugas marinhas.
· Outro exemplo é a capacidade de vôo pelas asas; as asas dos insetos são análogas às asas das aves que são análogas às dos morcegos; órgãos análogos são os que possuem mesma função apesar de origem ontogenética e filogenética diferente; órgãos homólogos podem não ter a mesma função (por exemplo, as asas das aves são homólogas aos braços de um homem, enquanto que as asas do morcego são homólogas às mãos), mas têm a mesma origem embrionária.

A evolução tem direção?
· A indagação sobre a direção da evolução, na verdade, dissimula uma dúvida muito mais importante para o homem: nossa espécie surgiu por acaso ou a evolução tinha com objetivo seu aparecimento?
· Uma dúvida dessa grandeza é complicada por gerar atritos com dogmas religiosos; mas sob o ponto de vista científico (fatos), nada indica que a evolução tenha qualquer tipo de direção; o acaso a comanda, já que ela depende de processos casuais, como a deriva genética; dependendo da situação, ela pode ser prevista grosseiramente com base nas previsões (essas sim possíveis) sobre alterações climáticas e geológicas; porém, é impossível prevê-la com exatidão.
· A direção da evolução é sugerida pelo estudo da evolução de sucessivas espécies relacionadas no tempo e no espaço; mas é preciso lembrar que para uma dada população, existem inúmeras possibilidades, inclusive a extinção; no presente podemos traçar uma linha sobre aquele táxon porque os eventos já aconteceram.
· Resta, ainda, o seguinte argumento: a evolução teria direção, pois a tendência sempre foi a de aumento da complexidade; porém, esse argumento também cai por terra quando citados os exemplos dos inúmeros seres unicelulares (muito parecidos com os pioneiros a Terra) que existem até hoje e que são muito bem adaptados.

Evolução do Homem

Introdução
· Deve-se assumir Homo sapiens como espécie animal; mas, é claro, sem deixar de considerar que é uma espécie única, por ser capaz de transmitir idéias, transmitir herança cultural, interferir como nenhuma outra sobre o meio ambiente, etc; nossa espécie quase não se alterou pelo menos nos últimos 35 mil anos (25 mil anos antes dos primeiros vestígios tratados pela História).
· A evolução cultural permitiu que nossa espécie ocupasse todo o mundo, de uma maneira sem precedentes; além disso, o controle sobre o ambiente tornou nossa espécie bem menos vulnerável à seleção natural, o que permitiu aumento da variabilidade; tamanha variabilidade não sobreviveria em condições naturais; por exemplo, indivíduos míopes teriam muita dificuldade de sobrevivência; no entanto, lentes corretivas permitem que míopes se reproduzam com a mesma viabilidade de não míopes.

A espécie é descendente do macaco?
· A espécie humana não descende das espécies atuais de macacos, mas é parente delas; as espécies que constituem a família Hominidae (gorila, chimpanzé, homem e gibão) tiveram um ancestral comum há cerca de 30 milhões de anos.

A ordem primata
Os prossímios
· Conservam as características mais primitivas da ordem dos primatas (ou seja, as características mais antigas); encontrados principalmente na ilha de Madagascar, são os lêmures, indris, aiais, lórises, etc.

Os cebóides
· Macacos da América do Sul; sagüis, bugios e macacos-prego.

Os cercopitecóides
· Macacos do Velho Mundo; Rhesus, babuínos, mandris, lângures, etc.

Os hominóides
· Antropóides sem cauda e grandes; gibões, orangotangos, chimpanzés, gorilas e homem.

Os ancestrais do homem
Drioptecíneos (de 25 a 12 milhões de anos atrás)
· Descendentes de prossímios; não se tem certeza sobre qual espécie é ancestral do homem; já um período de 10 milhões de anos que permanece obscuro devido ao pobre registro fóssil.

Australopitecíneos (de 4 milhões a 700 mil anos atrás)
· Descendentes dos drioptecíneos, já eram parecidos com o homem; pareciam bípedes completos ou facultativos; mãos bem diferentes dos macacos; fósseis mais recentes já encontrados com os primeiros instrumentos de pedra; dispersos por todas as regiões quentes do Velho Mundo; parece que haviam muitas espécie, mas poucas são bem conhecidas; tudo indica que uma espécie carnívora é ancestral do homem.

Homo erectus (de 700 a 500 mil anos atrás)
· De ampla distribuição geográfica, já tinha esqueleto muito parecido com o do homem; as principais diferenças residem no crânio maciço, dentes grandes e cérebro pequeno (25% menos do que o do homem, mas duas vezes maior do que o dos australoptecíneos); instrumentos de caça mais sofisticados, o que já indica algum tipo de comunicação e transmissão de ensinamento por algum tipo de linguagem; a atividade social já existia, comprovada por evidências de caça em grupo.

Homo sapiens (a partir de 35 a 40 mil anos atrás)
· Evidências indicam que houve evolução filética desde Homo erectus, ou seja, nosso ramo deixou de possuir espécies múltiplas; a ampla distribuição geográfica de Homo erectus indica a possibilidade de hibridização constante entre raças, cada uma contribuindo com sua parte para o homem.
· Dessa forma, parece impossível determinar uma área geográfica específica como berço da nossa espécie; algumas dessas raças são o homem rodesiano, o homem de Neanderthal e o Cro-Magnon; essas foram as últimas e as que atingiram grau máximo de convivência em sociedade antes do início da História.
· Nos últimos 35 mil anos praticamente nenhuma alteração biológica ocorreu; houve, sim, profunda e rápida alteração cultural, estudada pela História.

A espécie humana atual
· Detentora de controle sobre o ambiente, nossa espécie se espalhou e ficou menos vulnerável à seleção natural, além de ter aumentado a variabilidade.
· Originária de fusões de raças, nossa espécie continua esse processo até hoje, só que num âmbito geográfico muito maior; desde muito antes da colonização do Novo Mundo tem-se evidências de invasões de continentes, que quase sempre envolviam guerras; apesar dos conflitos, a troca gênica nunca deixou de existir; assim, é impossível pensar na humanidade atual como composta por raças puras.
· Embora tenha que se admitir que existam sociedades culturalmente mais evoluídas que outra (não no sentido de melhores, mas no sentido de alteradas ao longo do tempo), não existem diferenças biológicas profundas entre elas.
Material escrito a partir da aula da disciplina de Evolução da professora Cecília da Biologia da Universidade Federal de Uberlândia
Copyright © 2008 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
----------------------------------------------------------------------------------
Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.
É também colaborador no cursinho pré-vestibular Oficina do Estudante.
Endereço da clínica: Rua Antônio Arruda Camargo, 195 (esta rua é paralela a Norte-Sul atrás do Burger King) CEP: 13092-170.Bairro: Nova Campinas Cidade: Campinas-SP
Entrar em contato pelo e-mail: psicopoesia@yahoo.com.br.
Blog: www.psicopoesia.blogspot.com/. Fone: (19) 32941005 e (19) 32526513.