terça-feira, 21 de novembro de 2006

Sobre diferenças e desencontros

Bambayuque (Renato Braz)
Autor: Zeca Baleiro

Enquanto você na arquibancada eu na geral
Enquanto eu além de tudo você afinal
Enquanto eu rondó você madrigal...
Enquanto eu paro e penso você avança o sinal
Enquanto você carta marcada eu canastra real
Enquanto eu lugar-comum você especial
Enquanto eu na cozinha você no quintal...

Você dois pra lá, e eu dois pra cá
É a dança da nossa paixão
Dois pra lá, e eu dois pra cá
É a dança da nossa paixão

Enquanto você kamikase eu general
Enquanto eu paquetá você cabo canaveral
Enquanto eu média luz você carnaval...
Enquanto você no olimpo ai de mim mortal
Enquanto você brisa eu vendaval
Enquanto você Roberto eu Hermeto Pascoal
Você dois pra lá, e eu dois pra cá
É a dança da nossa paixão

Dois pra lá, e eu dois pra cá
É a dança da nossa paixão

Enquanto você monumento eu pedra de sal
Enquanto você na folia eu no funeral
Enquanto eu matriz você filial...
Enquanto você Branca de Neve eu Lobo Mau
Enquanto eu papai-e-mamãe você sexo oral
Enquanto eu na canção você no parque industrial

Você dois pra lá, e eu dois pra cá
É a dança da nossa paixão
Dois pra lá, e eu dois pra cá
É a dança da nossa paixão
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Anabela (Mario Gil e Paulo César Pinheiro)

No porto de Vila Velha
Vi Anabela chegar
Olho de chama de vel
aCabelo de velejar
Pele de fruta cabocla
Com a boca de cambucá
Seios de agulha de bússola
Na trilha do meu olhar
Fui ancorando nela
Naquela ponta de mar
No pano do meu veleiro
Veio Anabela deitar
Vento eriçava o meu pelo
Queimava em mim seu olhar
Seu corpo de tempestade
Rodou meu corpo no ar
Com mãos de rodamoinho
Fez o meu barco afundar
Eu que pensei que fazia
Daquele ventre meu cais
Só percebi meu naufrágio
Quando era tarde demais
Vi Anabela partindo
Pra não voltar nunca mais
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O que me importa (Cury)

O que me importa seu carinho agora

Se é muito tarde para amar você

O que me importa se você me adora

Se já não há razão para lhe querer

O que me importa ver você sofrer assim

Se quando eu lhe quis você nem mesmo soube dar amor

O que me importa ver você chorando

Se tantas vezes eu chorei também

O que me importa sua voz chamando

Se pra você jamais eu fui alguém

O que me importa essa tristeza em seu olhar

Se o meu olhar tem mais tristezas pra chorar que o seu

O que me importa ver você tão triste

Se triste fui e você nem ligou

O que me importa o seu carinho agora

Se para mim a vida terminou
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Um comentário:

Anônimo disse...

Regito,
mto tempo que num visitava seu blog... Estava lendo umas coisas aqui na net e no meio tinha um trechinho de Clarice Lispector, não sabia exatamente onde podia se encaixar mas acredito que aqui fica legal... Ai vai:
"Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. "

Beijos!!!