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Aqui segue a entrevista na íntegra:
1) Como lidar com a
culpa pelos erros cometidos e pela frustração com o que o leitor sonhou e não
conseguiu alcançar?
Os erros
são inevitáveis em qualquer fase da vida porque estamos em um constante
aprendizado. Devido ao excesso de cobranças dos pais, das escolas, familiares
etc desenvolvemos regras de que não podemos errar, quando isso acontece
sentimos culpa. Precisamos aprender a ter um olhar mais racional sobre os
eventos que nos atormentam. Tentando sempre analisar todo o contexto para
verificar o que ocorreu de errado e tentar mudar sem culpa. Pessoas vencedoras
das mais diversas áreas quando questionadas em relação aos fracassos, elas
prontamente respondem que erraram e fracassaram muito durante a vida, e só
começaram a ser bem sucedidas quando aprenderam a olhar cada vez mais o erro como
possibilidade de acerto.
Vale também
questionar o empenho, disciplina, responsabilidade e esforço no exercício da
atividade para atingir a meta. Lembrando que as vezes pode faltar algumas
habilidade anteriores. Quem não sabe somar jamais aprenderá a multiplicar. Vale
então conversar com pessoas mais maduras e inteligentes para pedir alguma
opinião e depois aprender o que precisa para chegar lá.
2) Como redefinir as
metas para o próximo ano? O que o leitor tem que levar em consideração para
cometer menos erros e chegar mais próximo de seus sonhos? Vale, por exemplo,
determinar etapas para chegar aonde quer? Estabelecer prazos para cada coisa?
Sempre
ter planos para um futuro promissor é uma ótima operação motivacional. Como já
dizia Benjamim E. Mays: “A tragédia da
vida não está em não alcançar seus objetivos. A tragédia está em não ter
objetivos para alcançar.” Um primeiro passo para desenvolver o sentimento
de autoconfiança ou autoeficácia é fixar sonhos ou objetivos maiores ou
difíceis e depois dividir em objetivos alcançáveis. Esse intervalo entre o que
se tem e o que se quer antecipa uma satisfação e serve como uma operação motivacional. É o caso dos
alpinistas que buscam atingir picos cada vez mais altos e dos navegadores de
barcos irem a distâncias cada vez maiores até darem a volta ao mundo. A partir
do momento que um alpinista consegue chegar até um monte de nível fácil, esse
desempenho deixa de ser uma conquista e ele estabelece um objetivo superior:
escalar um monte de nível médio. Isso se torna uma nova operação motivacional.
No entanto, estabelecer objetivos intermediários pode não ser suficiente para
conquistar bons resultados. É importante também que a atividade envolva um feedback, melhor ainda se uma pessoa
possa avaliar e dar um feedback. É
por isso que muitas pessoas aceleram seu desempenho em escolas ou em cursos.
Porque lá além das avaliações e provas os professores podem dar feedbacks do desempenho, sinalizando o
que fazer para melhorar.
3) O que pode
ajudá-lo a se determinar mais para conseguir seus objetivos, no próximo ano?
Vale colocar seus desejos num papel? Fazer afirmações diárias? O que mais?
Tanto no dicionário da vida,
quanto no dicionário comum a palavra sorte vem sempre depois de experiência e
preparo. Infelizmente há um erro no consenso popular sobre o comportamento e as
emoções das pessoas. Uma opinião generalizada e equivocada comum é que deve-se
mudar o sentimento antes de poder mudar o modo como se comporta. Na verdade,
mudamos nossas emoções e desenvolvemos mais repertórios para enfrentar as
dificuldades da vida é movimentando, tendo iniciativas.
Um outro ponto é sobre a
superação. As pessoas precisam
aprender a dar prioridade a superar a si mesmo e não focar superar os outros.
Veja um corredor de atletismo. O seu maior adversário na mior parte do tempo é
ele mesmo. Seu treino exige que ele faça cada vez mais tempos menores. Não há
ninguém do seu lado, seu maior adversário é o seu cronômetro, é a sua
superação. Com efeito, superar os outros é consequência da superação de si.
Como disse Platão: “Vencer a si próprio é
a maior das vitórias.”
4) No que o leitor
deve pensar para conseguir começar o próximo ano com o astral em alta, mesmo
que esse ano que passou não tenha sido tudo o que esperava?
Ele deve rever suas dificuldades
e melhorar aquilo que é necessário e depois por em prática aquilo que precisa
melhorar.
5) Como a pessoa deve
agir para focar mais nos seus objetivos e conseguir melhores resultados?
Ter foco significa aprender a ter
autocontrole. Autocontrole quer dizer ficar mais sob controle de atividades
menos saborosas do que das saborosas. Em situações de conflito de escolhas pode
envolver o comportamento de autocontrole.
Pense no dilema, estudar no fim de semana para a prova (atividade menos
saborosa) ou sair com os amigos (atividade mais saborosa)? Quando o indivíduo
escolhe frequentemente a alternativa que produz consequências imediatas (sair
com os amigos) ao invés de estudar que envolve consequências atrasadas, que
demoram a acontecer (passar) estamos diante de uma pessoa com pouco autocontrole para esse contexto.
Em geral, as pessoas acreditam
ingenuamente que autocontrole é
necessário em situações extremas ou radicais como por exemplo para emagrecer,
para abandonar uma adicção (drogas lícitas – cigarro, bebidas alcoólicas – ou
drogas ilícitas). Todavia, o comportamento de autocontrole é necessário na rotina do cotidiano nos mais diversos
contextos. Uma jovem, por exemplo, que coloca o despertador para acordá-la e
não chegar atrasada na escola está emitindo um comportamento de autocontrole.
Pessoalmente posso dizer que meus
sonhos me dão tanto trabalho. Mas, descobri que é possível realizá-los tendo
metas claras e coerentes, se responsabilizando pelos meus atos, pensando a
médio e longo prazo e pondo a mão na massa. Descobri também que sonhos
realizados não existem a pessoas imediatistas e pouco práticas. Em oposição, os
sonhadores e desejosos de realização são guerreiros práticos e pensam a médio e
longo prazo.
Portanto, as pessoas para
melhorarem seus desempenhos precisam desenvolver o repertório de autocontrole.
6) O que ajuda a
levantar o astral, nessa época de final de ano? Encontrar amigos novos, mudar a
decoração do quarto, jogar fora o que não usa mais etc?
O que levanta o astral de uma
pessoa depende da história de vida dela. Para uma jovem sair e conversar com os
amigos pode ser muito saboroso, no entanto para outra não pode ser. A jovem
precisa descobrir quais são as atividades que produzem prazer e neste período
precisam degustar mais destas atividades. Segue abaixo uma lista grande de
possibilidades:
a) Atividades relacionadas à
casa: atividades prazerosas que podem
ser realizadas dentro de casa: assistir televisão: filmes, novelas, séries,
jornais, documentários, programas de televisão... ; jogos de tabuleiro: xadrez,
dama, dominó, war, cartas, banco imobiliário, detetive... ; navegar na
internet: redes sociais, pesquisar, baixar músicas, baixar filmes, baixar
programas de computador, baixar jogos... ; conversar ao telefone; jogar vídeo
game; ouvir música: Axé, Bossa Nova, Eletrônica, Forró, Jazz, MPB, Pop, Rock,
Samba, Sertaneja... ; fazer o café da manhã ou o chá da tarde; limpar a casa; organizar
coisas na casa; tomar um banho demorado; assistir filmes ou documentários em
aparelho de DVD ou no computador; fazer orações; ler um livro: romance,
comédia, bíblia, Literatura, Literatura fantástica, informações, autoajuda.
b) Atividades relacionadas a novos conhecimentos, atualizações,
informações e cultura: ler livros, ler revistas, jornais, quadrinhos... ; fazer
pintura, desenho, escultura... ; estudar idiomas; tocar um instrumento musical:
violão, guitarra, violino, flauta...; ir
em uma exposição de arte; participar de sarais culturais...
c) Busca de suporte afetivo-social: sair com amigos; fazer visitas
a parentes; fazer visitas a amigos; receber visitas da família ou parentes, receber
visitas de amigos, fazer uma refeição com os amigos, comer lanche com os amigos,
Ir para um lugar para conversar, comer, beber... enviar uma carta ou e-mail, participar de algum grupo.
d) Atividade física: Pilates; academia; praticar corrida; praticar
caminhada; nadar; andar de bicicleta;
praticar esportes de equipe: futebol, volei, basquetebol...jogar tênis, andar
de patins ou skate.
e) Atividades para diminuir o estresse ou para distração: fazer
palavras cruzadas, Sudoku, jogos de advinhação, forca...; montar quebra cabeças; viajar para praia; viajar para o campo; fazer
compras; ir ao cinema; sair para comer; dar uma volta.
7) Como esquecer ou
rever o que deu errado no ano que passou, se são situações que ainda a
incomodam (ex: brigas com famílias, situações mal resolvidas com garotos ou
amigas)?
Saber que família perfeita só
existe em propaganda de margarina, onde todos sempre estão em uma mesa farta e
muito felizes. Na vida real as pessoas têm dificuldades emocionais, inúmeras
tarefas e responsabilidades e pouco tempo para o bom convívio o que dificulta
uma convivência harmoniosa. Além disso, não há família perfeita. É normal
sempre acreditarmos que a família de nosso amigo é mais amorosa e melhor por
isso ou aquilo, mas talvez esse interpretação ocorra porque não a conhecemos
tão bem. Basta chegarmos mais perto para saber que também tem dificuldades ou
problemas.
O
relacionamento amoroso é uma arte que aprendemos ao decorrer de anos de
relacionamentos. Se você perguntar para as pessoas mais velhas elas dirão que
namoraram algumas pessoas, ficaram com outras até encontrarem uma pessoa
específica e casarem. Isso quer dizer que teremos diversos relacionamentos
durante a vida. Isso faz parte da vivência no mundo. Por isso não fique triste
porque no final alguém especial vai surgir na sua vida. E cada fracasso em
relacionamento é experiência para os próximos que se tornaram cada vez
melhores.
Sobre as
amizades é comum também acontecer desencontros. Da mesma forma que você passa
por problemas e tem objetivos específicos, uma hora ou outra você terá problemas
porque eles podem escolher caminhos diferentes dos seus e isso é natural. Além
disso a infância, adolescência e juventude são períodos do desenvolvimento
social onde na maioria das vezes não estamos preparados para o relacionamento
saudável. Isso porque o relacionamento exige ter muita tolerância à frustração
e alguns outros ingredientes. A qualidade das amizades vai melhorando com a
sabedoria da maturidade.
Copyright © 2012 Reginaldo do Carmo Aguiar. Todos os direitos reservados.
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Reginaldo do Carmo Aguiar é psicólogo clínico comportamental, analista do comportamento e estudioso das Neurociências.
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