Amar
"Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
E da minha boca fechada nasceram sussurros
E palavras mudas que te dediquei..."
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"Vinicios de Moraes"
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
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Ai que distância
Meu ódio-amor
Que dores
Que cintilâncias
De pena.
Tão a meu lado
Te penso
No entanto
Tão afastado.
Como se a água ficasse
A um dedo de minha boca
E todo o deserto à volta
Me segurasse.
Tão triste e tão à vontade
Neste meu sol de martírios
Como se o corpo soubesse
Desses caminhos da sede
Porque nasceu conhecendo
Da paixão seu descaminho.
E brilhos no teu sadimo
E perdição na minha cara;
Que coloridos espinhos
Terás
Para tua dura saudade.
Que tempestades de sede
Nos areais da procura
Quando saíres à caça
De quem te amou.
De mim.
À caça do NUNCA MAIS.XLIII - Catares - Hilda Hilst (p. 78-79)
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Inconfesso Desejo (Carlos Drummond de Andrade)
Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo
Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta? (Quintana)
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" A paixão é a primeira a surgir e a primeira a desaparecer. A intimidade necessita de mais tempo para se desenvolver, e o compromisso, mais ainda".
Robert J. Sternberg (pesquisador de Psicologia Cognitiva)
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“As paixões são como ventanias que inflam as velas dos navios fazendo as navegar, outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveria viagens, nem aventuras, nem novas descobertas.” – Voltaire
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Dois Olhos Negros (Lenine)
Queria ter coragem de saber,
O que me prende?
O que me paralisa?
Serão dois olhos negros como os teus,
Que me farão cruzar a divisa?
É como se eu fosse pro Vietnã,
Lutar por algo que não será meu.
A curiosidade de saber, quem é você?
Dois olhos negros...
Dois olhos negros...
Queria ter coragem de te falar,
Mas qual seria o idioma?
Congelado em meu próprio frio,
Um pobre coração em chamas.
É como se eu fosse um colegial,
Diante da equação, o quadro, o giz,
A curiosidade do aprendiz,
Diante de você...
Dois olhos negros...
Dois olhos negros...
Dois olhos negros...
Dois olhos negros...
O ocultismo, o vampirismo, o voodoo,
O ritual, a dança da chuva,
A ponta do alfinete, o corpo nu,
Os vários olhos da Medusa.
É como se estivéssemos ali,
Durante os séculos fazendo amor,
É como se a vida terminasse ali,
No fim do corredor...
Dois olhos negros...
Dois olhos negros...
Dois olhos negros...
Dois olhos negros...
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Samba em prelúdio (Baden Powell e Vinícius de Moraes)
Eu sem você não tenho porquê
Porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz, jardim sem luar
Luar sem amor, amor sem se dar
Em sem você sou só desamor
Um barco sem mar, um campo sem flor
Tristeza que vai, tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém
Ah, que saudade
Que vontade de ver renascer nossa vida
Volta, querida
Os meus braços precisam dos teus
Teus braços precisam dos meus
Estou tão sozinho
Tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém
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Eu não existo sem você (Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
Eu não existo sem você
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Até Pensei (Chico Buarque)
Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caía
Toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade morava tão vizinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
A dona dos olhos nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a esperar pela ternura
Que enganar nunca me vinha
Eu andava pobre
Tão pobre de carinho
Que, de tolo
Até pensei que fosses minha
Toda a dor da vida
Me ensinou essa modinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
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CD: Circuladô 04:08
Coisa linda
É mais que uma idéia louca
Ver-te ao alcance da boca
Eu nem posso acreditar
Coisa linda
Minha humanidade cresce
Quando o mundo te oferece
E enfim te dás, tens lugar
Promessa de felicidade
Festa da vontade, nítido farol
Sinal novo sob o sol
Vida mais real
Coisa linda
Lua, lua, lua, lua
Sol, palavra, dança nua
Pluma, tela, pétala
Coisa linda
Desejar-te desde sempre
Ter-te agora e o dia é sempre
Uma alegria pra sempre
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AMBAR (Adriana Calcanhoto)
Tá tudo aceso em mim
Tá tudo assim tão claro
Tá tudo brilhando em mim
Tudo ligado
Como se eu fosse um morro iluminado
Por um âmbar elétrico
Que vazasse dos prédios
E banhasse a Lagoa até São Conrado
E ganhasse as Canoas
Aqui do outro lado
Tudo plugado
Tudo me ardendo
Tá tudo assim queimando em mim
Como salva de fogos
Desde que sim eu vim
Morar nos seus olhos
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