quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Sobre a vida

" A Vida" (Raquel Naveira)

A vida bate como um relógio.
Um arfar de vento no capim.
É fome que rói as entranhas, facho que ilumina os olhos, percorre o corpo em incêndio e queima os lábios de paixão.
Um cheiro de carne, de vinho, de fruta recém-tirada do pé.
A vida recende violenta.
Por que não abocanhá-la inteira, cruel, vermelha, suculenta, escorrendo sangue pelos dentes?




"Ser criado, gerar-se, transformar-se
O amor em carne e a carne em amor
Nascer respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se
E despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer de tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito..."

(Vinícius de Moraes)

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